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Oriente Médio

Al-Qaeda anuncia ligação com frente de combatentes radicais na Síria

9 abr 2013 - 17h16
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A Al-Qaeda no Iraque reconheceu pela primeira vez nesta terça-feira que a Frente Al-Nosra, um dos principais grupos que combate o regime sírio de Bashar al-Assad, é um ramo de sua rede e que seu objetivo é instaurar um Estado islâmico na Síria.

Enquanto isso, o chefe da diplomacia americana, John Kerry, anunciou que se reunirá na quarta e na quinta-feira em Londres com uma delegação opositora, que os Estados Unidos apoiam, mas para a qual se recusam a fornecer armas por temor de que esse arsenal caia nas mãos de extremistas.

Esse temor foi reforçado pelo anúncio de Abu Bakr al-Baghdadi, líder da Al-Qaeda no Iraque, de que a Frente Al-Nosra é um ramo de sua organização, confirmando as suspeitas.

O grupo formado por sírios e estrangeiros, classificado como "organização terrorista" por Washington, ficou conhecido primeiramente por seus atentados suicidas, mas ao longo do conflito passou a combater ao lado da rebelião contra as tropas do regime de Assad.

Após o anúncio, a França declarou que deseja discutir com seus parceiros europeus e no Conselho de Segurança da ONU uma eventual classificação deste grupo como "organização terrorista".

"De fato, há uma parte do país governada por Bashar al-Assad e uma outra parcialmente gerida por membros da 'Al-Qaeda", comentou Aaron Zelin, do Washington Institute for Near East Policy.

"Chegou o momento de proclamar aos Rebeldes e ao mundo inteiro que a Frente Al-Nosra é, na realidade, um ramo do Estado Islâmico do Iraque", (ISI), principal organização iraquiana ligada à Al-Qaeda, declarou Abu Bakr al-Baghdadi em uma mensagem publicada em sites jihadistas.

Os dois grupos serão agora unidos sob o nome de Estado Islâmico do Iraque e do Levante, explicou.

A Al-Qaeda no Iraque foi o primeiro movimento jihadista a incitar seus seguidores a combater o poder em Damasco, que chama de "nussaïri" (termo pejorativo pra designar os alauítas, a minoria heterodoxa de Assad).

Al-Baghdadi indicou que foi a ISI que escolheu Abu Mohammad Al-Joulani para ser líder da Al-Nosra.

O objetivo do grupo é instaurar um governo islâmico, algo rejeitado pelo Exército Sírio Livre (ESL), principal força da rebelião.

"Não apoiamos a ideologia da Al-Nosra (...) Ninguém tem o direito de impor aos sírios o formato de seu Estado", reagiu Louaï Meqdad, responsável pela comunicação do ESL, assegurando que os rebeldes lutam por um "Estado democrático".

Contudo, ele reconheceu que "algumas brigadas do ESL cooperam com eles em algumas operações", já que a Al-Nosra é "financiada e armada".

"São operações táticas e pontuais", acrescentou.

Para a agência oficial Sana, "esta ligação é um teste para a credibilidade da ONU, do Conselho de Segurança e dos países independentes: eles devem escolher entre o alinhamento com o terrorismo representado pela Al-Qaeda e o direito do povo sírio e de seu governo de combater o terrorismo".

Em Londres, durante a cúpula do G8, John Kerry encontrará ao lado de seu homólogo britânico William Hague membros da oposição síria. Segundo um membro da oposição, uma delegação presidida por Ghassan Hitto, eleito primeiro-ministro "rebelde" em 19 de março, já está no local.

Kerry reiterou sua preferência por uma solução diplomática na Síria, reconhecendo as dificuldades para tal saída, já que "o presidente Assad não está pronto para transferir esta autoridade".

O conflito que assola o país há mais de dois anos já deixou mais de 70.000 mortos, 1,2 milhão de refugiados e 4 milhões de deslocados, segundo a ONU.

As operações de ajuda aos refugiados se aproximam do fim devido à falta de financiamento, advertiu o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur).

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, fez um apelo para que a Síria "coopere" com a missão de investigadores das Nações Unidas encarregada de determinar se armas químicas têm sido utilizadas no país.

Nesta terça-feira, ao menos uma pessoa morreu na queda de dois morteiros perto da sede do governo em Damasco, segundo a Sana. Ao todo, 91 pessoas, sendo 11 civis, 29 soldados e 51 rebeldes, morreram vítimas da violência, de acordo com um registro provisório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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