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Oriente Médio

Ahmadinejad cobra dos EUA e da Rússia apoio a acordo nuclear

26 mai 2010 - 10h45
(atualizado às 17h44)
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O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos e a Rússia devem apoiar o acordo sobre a troca de combustível nuclear acertado com Brasil e Turquia, classificando-o de última oportunidade para resolver seu conflito com as grandes potências.

Ahmadinejad discursa na cidade de Kerman; ele diz que os EUA devem aproveitar a oportunidade dada pelo Irã
Ahmadinejad discursa na cidade de Kerman; ele diz que os EUA devem aproveitar a oportunidade dada pelo Irã
Foto: AP

"A declaração de Teerã (sobre um acordo de troca de combustível) constitui a melhor oportunidade; demos um grande passo à frente e dissemos algo muito importante. Já não existem mais desculpas", afirmou Ahmadinejad em uma declaração por televisão, dirigindo-se aos líderes americano e russo.

O presidente Barack Obama deve saber "que, se não aproveitar esta oportunidade, os iranianos certamente não lhe darão outra", afirmou. Ahmadinejad também denunciou a postura do presidente russo, Dimitri Medvedev, cujo país é aliado tradicional do Irã, a quem acusou de "sentar-se ao lado daqueles que foram nossos inimigos durante 30 anos".

"Esperamos que os dirigentes russos ficarão atentos, que reagirão e que não forçarão os iranianos a considerá-los da mesma maneira que seus inimigos históricos", afirmou.

A Rússia não demorou a denunciar o que chamou de "demagogia política" das críticas do presidente iraniano. "Ninguém consegue conservar sua autoridade ao utilizar a demagogia política", declarou Serguei Prikhodko, conselheiro diplomático do Kremlin.

Citado pelas agências russas, ao ser indagado sobre as declarações de Ahmadinejad. A Rússia, que geralmente apoia o Irã, demonstrou recentemente sua irritação ante Teerã por seu controvertido programa nuclear.

"Existem pessoas no mundo e na América que insistem em enfrentar Obama com os iranianos, em empurrá-lo a um ponto sem volta para forçá-lo a fazer algo que bloqueará para sempre a vida da amizade com os iranianos", acrescentou o presidente ultraconservador iraniano.

O acordo

O Irã notificou na segunda-feira a Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena, do acordo a três estabelecido entre Irã, Brasil e Turquia, sobre a troca de urânio. Com a carta, Teerã pretende tranquilizar a comunidade internacional sobre seu programa atômico.

O documento, assinado pelo chefe da Organização de Energia Atômica iraniano, Ali Akbar Salehi foi entregue durante uma reunião na residência na Áustria do diretor geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano.

As potências ocidentais receberam o acordo com desconfiança e ameaçaram com novas sanções contra o Irã por seu controvertido programa nuclear.

O pacto entre Irã, Turquia e Brasil, de 17 de maio passado, foi assinado em Teerã durante visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do chefe do governo turco, Recep Tayyip Erdogan.

Ele prevê o intercâmbio na Turquia de 1,2 mil kg de urânio enriquecido a 3,5% contra 120 quilos de combustível enriquecido a 20% repassado pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de pesquisa médica de Teerã.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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