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Oriente Médio

Afeganistão concorda em reabrir escritório político do Taliban

4 mai 2015 - 14h38
(atualizado às 14h38)
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Representantes nas conversas preliminares com objetivo de encerrar a longa guerra do Afeganistão concordaram que os insurgentes do Taliban devem reinaugurar um escritório político para as negociações, mas a discórdia em relação às tropas estrangeiras ainda ameaça a perspectiva de um cessar-fogo.

Policial dispara de veículo blindado durante batalha com insurgentes do Taliban em Kunduz. 03/05/2015
Policial dispara de veículo blindado durante batalha com insurgentes do Taliban em Kunduz. 03/05/2015
Foto: Stringer / Reuters

Um comunicado emitido nesta segunda-feira delineou os acordos obtidos por pelo menos 40 delegados em uma “reunião extra-oficial” que congregou representantes do Taliban, da Organização das Nações Unidas (ONU) e figuras do governo afegão no encontro de dois dias realizado no Catar.

O diálogo foi um passo adiante rumo a um processo de paz que vem se mostrando evasivo durante a guerra, que matou dezenas de milhares de afegãos desde que o Taliban foi expulso do poder por uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos.

Os delegados concordaram que o Taliban deveria reabrir um escritório político em Doha, o que causou furor em 2013, quando foi brevemente inaugurado como parte de uma tentativa anterior, e fracassada, de iniciar negociações.

Na cerimônia de inauguração televisionada, os representantes do Taliban hastearam a bandeira de seu regime anterior, revoltando o então-presidente Hamid Karzai e inviabilizando as tão esperadas conversas.

O novo líder do Afeganistão, Ashraf Ghani, fez das negociações uma prioridade desde que assumiu o cargo no ano passado.

Os delegados também pediram a retirada dos nomes dos principais líderes do Taliban de uma lista negra de terroristas da ONU para que possam viajar para as tratativas, de acordo com uma declaração do Conselho Pugwash, uma organização global que prega a resolução de conflitos e co-sediou as conversas com o governo do Qatar.

Mas não houve avanço no tocante ao principal obstáculo para um cessar-fogo – a permanência de cerca de 10 mil treinadores militares dos EUA e de forças contra-terrorismo.

As conversas terminaram no domingo com o comprossimo de se realizar um diálogo semelhante no futuro.

Os combates sofreram uma escalada após a partida da maioria dos soldados norte-americanos e aliados, e recentemente o Taliban lançou uma ofensiva no norte afegão que levou seus combatentes até os arredores da cidade de Kunduz, uma capital provincial.

O governo do Afeganistão não comentou oficialmente as conversas, mas membros do Alto Conselho para a Paz do país compareceram ao evento.

Um participante do Taliban disse à Reuters que uma delegação de oito membros do grupo teve conversas diretas com autoridades afegãs.

“A delegação afegã e Qayyum Kochai, tio do presidente Ashraf Ghani, exigiram que ponhamos fim à violência e anunciemos um cessar-fogo”, afirmou.

O Taliban declarou que não irá parar de lutar até que todas as forças estrangeiras deixem o Afeganistão, disse.

(Reportagem adicional de Mehreen Zahra-Malik, em Islamabad, e David Brunnstrom, em Washington)

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