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ONU espera "novas ideias" de Annan para frear crise síria

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O enviado especial à Síria, Kofi Annan, se apresentará diante do Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira para apresentar "novas ideias" que resolvam a crise síria e que deverão ser utilizadas para chegar a um acordo sobre os próximos passos para frear uma situação cada vez mais instável no país, segundo fontes diplomáticas.

Apesar de tanto o Governo de Bashar al Assad como a oposição aceitaram o plano de paz e o cessar-fogo proposto por Annan, que entrou em vigor em abril, a violência persiste na Síria, onde desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011, morreram mais de 10 mil pessoas, de acordo com dados da ONU.

"Queremos estudar quais são as novas ideias de Annan", disse uma fonte diplomática do Conselho. Entre as apostas do ex-secretário geral da ONU pode estar a criação de "um grupo de contato" de vários países com influência na região, entre eles o Irã, para chegar a um acordo sobre o processo de transição.

A ideia foi revelada hoje pelo jornal "The Washington Post". A publicação destaca que esse novo grupo de contato seria composto pelos membros permanentes do Conselho de Segurança - China, EUA, França, Reino Unido e Rússia -, além da Arábia Saudita ou Catar, representando a Liga Árabe, e Turquia e Irã.

O grupo seria responsável por desenhar um plano de transição concreto, que incluiria a realização de eleições para escolher o sucessor de Assad e a redação de uma Constituição, para depois apresentá-la ao governante sírio e à oposição. Assad seria exilado na Rússia, segundo o mesmo jornal.

"Não estamos contra da ideia (do grupo de contato), já que trabalhamos por semanas para conseguir acordos entre os membros permanentes do Conselho sobre um processo de transição. A ideia de ampliá-lo a mais países não é errada, mas a chave desse grupo sair com um resultado concreto", disse a mesma fonte.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, também propôs em Pequim a realização de uma cúpula internacional para encontrar soluções ao conflito, ponto rejeitado pela secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.

Enquanto não são concretizadas as novas propostas de Annan, os esforços do Conselho se concentram em conseguir um acordo com a Rússia - principal aliado do regime sírio - sobre um processo de transição que possa revitalizar o plano de paz.

Apesar da continuidade da violência na Síria e de alguns países defenderem uma intervenção militar, a maioria dos membros do Conselho de Segurança respalda o plano de Annan.

O diplomata africano comparecerá nesta quinta-feira diante o Conselho de Segurança, no seu primeiro encontro com os quinze países, já que até agora sempre os tinha informado sobre seu trabalho por meio de videoconferência.

Nessa reunião a portas fechadas, também estará o secretário- geral da ONU, Ban Ki-moon, que hoje respondeu perguntas à imprensa sobre a Síria. Ban e Annan também discursarão horas antes diante aa Assembleia Geral da ONU, acompanhados pelos representantes do escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, assim como pelo secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby.

"O povo da Síria e da região merece uma voz unida e que a Assembleia Geral e a ONU atuem com urgência para restaurar a paz, a unidade e a ordem na Síria", disse nesta quarta o presidente da Assembleia, o catariano Abdulaziz al Nasser.

Nasser disse que é "inaceitável" a continuação da violência e reconheceu que a maioria dos países árabes quer mais ações por parte do principal órgão de segurança internacional.

A Liga Árabe já pediu ao Conselho de Segurança um aumento do número de observadores atuantes na Síria, segundo uma carta divulgada nesta quarta-feira na ONU. No documento, é solicitada "a concessão aos observadores da autoridade necessária para pôr fim às violações e crimes cometidos no país árabe".

No entanto, fontes do Conselho de Segurança informaram que é improvável a ampliação do número de observadores, já que a ONU está preocupada com sua segurança e alertaram que, se a crise continuar, a organização não terá mais como remediá-la.

EFE   
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