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Mundo

ONU quer aumentar papel da mulher contra guerra e extremismo

12 out 2015 - 16h45
(atualizado às 18h58)
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A ONU reconhece há anos o papel-chave da mulher na solução de conflitos, mas considera que chegou o momento de dar-lhe um novo impulso perante as crescentes guerras e o avanço do extremismo.

Phumzile Mlambo-Ngcuka acredita que as mulheres têm que participar de forma plena nas mesas de paz, como negociadoras e com responsabilidade de decisão
Phumzile Mlambo-Ngcuka acredita que as mulheres têm que participar de forma plena nas mesas de paz, como negociadoras e com responsabilidade de decisão
Foto: Getty Images

Com números na mão, a organização destacou nesta segunda-feira (12) a importância de envolver mulheres nesses esforços, dominados tradicionalmente pelos homens, sobretudo se a intenção é obter êxito em longo prazo.

Segundo relatório apresentado na sede das Nações Unidas, a presença de mulheres em negociações de acordos de paz aumenta em 20% a probabilidade de que o pacto se mantenha por pelo menos dois anos e em 35% as possibilidades que dure mais de 15 anos.

"As provas nos demonstram inequivocamente que as mulheres têm que participar de forma plena nas mesas de paz, como negociadoras e com responsabilidade de decisão", afirmou a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.

O grande problema, segundo esta agência, é que a participação feminina neste tipo de processo continua sendo mínima.

Segundo uma análise de 31 grandes discussões de paz realizadas entre 1992 e 2011, apenas 9% dos negociadores nesses processos foram mulheres.

Como consequência, entre os anos 1990 e 2000 só 11% dos acordos de paz assinados incluíram referências à mulher.

A situação foi melhorando progressivamente, especialmente desde a aprovação no ano 2000 da resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, que ressalta a importância do papel da mulher na resolução de conflitos.

Aproveitando o 15º aniversário desse documento, o Conselho voltará a entrar totalmente neste assunto com o objetivo de adaptá-lo à realidade de hoje e tentar dar um novo impulso à iniciativa.

Essa vontade será expressada no mais alto nível nesta terça-feira com a realização de uma reunião especial liderada por Mariano Rajoy, presidente do governo da Espanha, país atualmente à frente do Conselho.

Será a primeira vez na história que um chefe do Executivo dirigirá uma reunião sobre mulheres e conflitos, como destacou hoje Mlambo-Ngcuka.

"Não devemos deixar passar a oportunidade para conseguir uma mudança radical, passando de tratar os assuntos da mulher como questões secundárias ou periféricas para a ONU para transformar as mulheres e meninas na resposta que falta para criar um mundo pacífico e justo", comentou a responsável pela ONU Mulheres.

A Espanha, que preside o Conselho de Segurança durante todo este mês, transformou a revisão da resolução 1325 no principal tema de sua gestão e espera poder aprovar um novo texto que atualize e reforce esse documento.

Para a ONU, esse esforço é necessário devido às mudanças experimentadas nos últimos 15 anos, um período no qual o número de grandes conflitos se triplicou e no qual o mundo assistiu a um grande avanço do extremismo violento.

Essas correntes, como lembrou hoje a ONU Mulheres, têm frequentemente no centro de sua ideologia a subordinação da mulher e utilizam os abusos sexuais como arma de guerra.

Além do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o Conselho escutará amanhã os testemunhos de mulheres que trabalham para impulsionar a paz em várias zonas de conflito como o Iraque e a República Democrática do Congo.

Em entrevista coletiva, Mlambo-Ngcuka disse esperar que saia desse encontro, principalmente, "uma nova forma de trabalhar e uma nova atitude sobre as mulheres, paz e segurança".

EFE   
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