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Ocidentais endurecem tom e expulsam embaixadores sírios

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PARIS, 29 Mai 2012 (AFP) -Os ocidentais endureceram sua posição em relação ao regime do presidente Bashar al-Assad, com os grandes países europeus, além de Estados Unidos, Canadá e Austrália, anunciando a expulsão de representantes diplomáticos sírios de suas capitais, em retaliação ao massacre de Houla.

O novo presidente francês, François Hollande, que iniciou este movimento, anunciou a expulsão da embaixadora síria em Paris, Lamia Chakkour, e uma reunião na capital francesa do grupo dos "amigos da Síria" no início de julho.

A embaixadora foi declarada nesta terça-feira persona non grata, assim como "dois outros oficiais da embaixada", segundo o Quai d''Orsay.

"Eu tive uma conversa ontem (segunda-feira) com David Cameron, com o primeiro-ministro britânico. Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores, também conversou com o secretário-geral da ONU (Ban Ki-moon) e nós concordamos com uma série de pressões para serem exercidas sobre a Síria", disse Holland.

Logo depois, a agência de notícias alemã DPA anunciou a convocação do embaixador sírio na Alemanha, onde a sua expulsão, em 72 horas, deve ser anunciada.

O diplomata sírio em Londres, que já tinha sido convocado na segunda-feira pelo Ministério das Relações Exteriores, também deve ser expulso. A Síria não tem mais embaixador na Grã-Bretanha há vários meses. Este encarregado da diplomacia é o mais alto representante no Reino Unido.

Roma e Madri adotaram a mesma medida com os seus representantes diplomáticos da Síria, enquanto o embaixador sírio na Bélgica foi convocado.

Não há expulsão em nível de União Europeia, afirmou um diplomata europeu em Bruxelas. Mas, de acordo com um diplomata europeu em Paris, a decisão foi objeto de consulta, pelo menos, entre Paris, Berlim e Londres.

Nesta terça-feira à tarde, haverá uma reunião entre os 27 embaixadores do bloco.

Até agora, os 27 "vinham expressando regularmente opiniões divergentes sobre a necessidade de manter relações diplomáticas com Damasco", lembrou um diplomata em Bruxelas. A Romênia e a Polônia, que representam os interesses dos Estados Unidos, têm mantido o seu embaixador em Damasco.

Os Estados Unidos também decidiram nesta terça-feira expulsar o encarregado de negócios sírio em Washington "em resposta" ao massacre de Houla, anunciou em um comunicado a porta-voz da diplomacia americana, Victoria Nuland.

Zuheir Jabbour, o mais alto representante sírio em Washington, foi informado nesta terça-feira que tinha 72 horas para deixar o país, indicou Nuland. "Consideramos o governo sírio responsável" pelo massacre, disse.

A Austrália foi outro país a anunciar a expulsão do diplomata sírio e de outro funcionário, assim como o Canadá, que expulsou diplomatas em Ottawa.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, saudou o anúncio das expulsões e exortou o Conselho de Segurança da ONU a aprovar uma resolução autorizando o uso da força contra Damasco.

A maior parte dos países ocidentais tinha fechado suas embaixadas na capital síria durante a repressão e o bombardeio de Homs, no centro da Síria.

O massacre de Houla (centro) provocou a indignação da comunidade internacional. O chefe dos observadores da ONU, o general norueguês Robert Mood, disse ao Conselho de Segurança que pelo menos 108 pessoas haviam sido mortas, atingidas por estilhaços ou assassinadas a queima-roupa, incluindo 49 crianças. A maioria das pessoas mortas foi executada, de acordo com resultados preliminares de uma investigação das Nações Unidas.

Após o massacre, Paris reafirmou a necessidade de o presidente sírio "deixar o poder". "Quanto mais cedo melhor", disse o novo ministro das Relações Exteriores.

A violência continua a deixar dezenas de vítimas todos os dias, apesar do cessar-fogo em vigor desde 12 de abril, mas que é violado diariamente.

Em 14 meses, a violência já matou mais de 13.000 pessoas, mais de 1.800 desde abril, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

burs-kat/dp/sba/mr/dm

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