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Ocidentais endurecem tom e expulsam embaixadores sírios

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PARIS, 29 Mai 2012 (AFP) -Os ocidentais aumentaram o tom com o governo do presidente Bashar al-Assad, depois que europeus e americanos anunciaram a expulsão de representantes diplomáticos sírios de suas capitais em represália pelo massacre de Houla, que deixou 108 mortos.

O novo presidente francês, François Hollande, considerou nesta terça-feira que uma intervenção armada sob mandato da ONU não está descartada na Síria, defendendo, no entanto, uma solução "que não seja obrigatoriamente militar".

Washington e as três maiores capitais europeias (Paris, Londres e Berlim) decidiram romper com o regime sírio, após meses tentando modificar a política de repressão de Bashar al-Assad.

Após uma decisão semelhante de Austrália e Canadá, os Estados Unidos, que consideram Damasco "responsável" pelo massacre de Houla, deram um prazo de 72 horas para que o mais alto representante sírio em Washington deixe o país.

Na Europa, François Hollande, anunciou a expulsão da embaixadora em Paris, Lamia Chakkour, e a organização da terceira conferência dos "Amigos do Povo Sírio" na capital francesa no início de julho.

"Fazemos pressão sobre a Síria levando em consideração o que fez seu governante, esmagando seu povo. E tivemos, infelizmente, uma das demonstrações mais terríveis com crianças que perderam suas vidas em condições atrozes (em Houla, nr). Então, deve haver uma reação", justificou.

Algumas horas depois, em declarações feitas à televisão, ele mencionou a ideia de uma intervenção armada.

"Uma intervenção armada não está descartada, contanto que seja feita no respeito ao direito internacional, ou seja, por uma deliberação do Conselho de Segurança" das Nações Unidas, disse à rede France 2.

"É necessário também encontrar uma solução que não seja obrigatoriamente militar. A pressão deve ser feita a partir de agora para derrubar o governo de Bashar al-Assad", afirmou o presidente francês.

"Há sanções a serem anunciadas, elas devem ser reforçadas. Conversarei com o presidente (Vladimir) Putin quando ele vier a Paris na sexta-feira. É ele, juntamente com a China, que está mais distante sobre essas questões de sanções. E devemos convencê-lo que não é possível deixar o regime de Bashar al-Assad massacrar seu próprio povo", afirmou François Hollande.

Berlim também anunciou a convocação do embaixador da Síria na Alemanha, onde sua expulsão deve ser anunciada.

O encarregado sírio de negócios em Londres, já convocado na segunda-feira pelo Foreign Office, também recebeu nesta terça-feira o anúncio de sua expulsão. A Síria não possuía mais embaixador na Grã-Bretanha há meses.

Roma, Madri, Sófia e a Suíça tomaram a mesma medida com os representantes diplomáticos sírios, enquanto o embaixador sírio na Bélgica foi convocado.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, saudou o anúncio das expulsões e pediu que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução autorizando o recurso à força contra Damasco.

A maioria dos países ocidentais já havia fechado suas representações na capital síria no momento da onda de repressão e dos bombardeios de Homs, no centro da Síria.

O massacre de Houla (centro) provocou a indignação da comunidade internacional. O chefe dos observadores da ONU, o general norueguês Robert Mood, indicou que pelo menos 108 pessoas foram mortas, atingidas por estilhaços de obus ou mortas à queima-roupa, incluindo 49 crianças. A maior parte foi executada, segundo os primeiros resultados de uma investigação da ONU.

Os episódios de violência continuam a deixar dezenas de vítimas todos os dias, apesar da entrada em vigor teórica, mas não respeitada no dia 12 de abril de um cessar-fogo em virtude do plano de paz do emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.

burs-kat/dm

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