PUBLICIDADE

Brasileira refém em cafeteria de Sydney fala pela 1ª vez

Marcia está em um quarto privativo no setor de queimados do hospital Royal North Shore, cercada de familiares

17 dez 2014 - 12h14
(atualizado às 12h32)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Marcia ao lado do irmão Jorge El Khouri, no hospital </p>
Marcia ao lado do irmão Jorge El Khouri, no hospital
Foto: Facebook / Reprodução

A personal trainer Marcia Mikhael está se recuperando bem dos ferimentos nas pernas e nos pés, causados por estilhaços de munição durante o tiroteio dentro do Lindt Cafe, em Sydney, onde foi mantida refém por mais de 16 horas. Na primeira entrevista desde que foi resgatada com vida pelos policiais, Marcia conversou com o Terra.

A brasileira, que também trabalha como gerente de projetos do banco Westpac, não quis contar detalhes dos momentos de horror que viveu dentro da cafeteria. "A polícia pediu para a gente manter sigilo, com o objetivo de proteger as investigações", explicou. A polícia do estado de New South Wales já compareceu ao hospital para conversar com a brasileira.

<p>Na primeira entrevista desde que foi resgatada com vida pelos policiais, Marcia conversou com o <strong>Terra</strong>.</p>
Na primeira entrevista desde que foi resgatada com vida pelos policiais, Marcia conversou com o Terra.
Foto: Facebook / Reprodução

Marcia está em um quarto privativo no setor de queimados do hospital Royal North Shore, cercada de familiares. As duas pernas estão enfaixadas até o joelho, após a cirurgia realizada ontem. "Tenho cerca de 70 estilhaços em cada perna. Muitos foram extraídos, mas talvez os menores não possam ser retirados", explicou.

Os ferimentos não tiram o otimismo da brasileira. "Quero voltar a treinar assim que me recuperar e sair daqui", declarou, otimista. Marcia é fisiculturista e ganhou um campeonato mundial na Grécia, no ano passado.

Ela relatou, também, que está recebendo uma grande quantidade de mensagens de solidariedade de várias partes do mundo, mas agradeceu especialmente os brasileiros. "Agradeço todas as orações, mensagens e manifestações de carinho dos brasileiros que rezaram e torceram para que eu saísse de lá com vida. Acho que foi isso que me salvou", disse, emocionada. Para acalmar a família no Brasil, Marcia postou no Facebook uma foto do quarto do hospital.

Em mensagem na redes sociais, Marcia avisou familiares e amigos sobre sua situação e pediu ajuda
Em mensagem na redes sociais, Marcia avisou familiares e amigos sobre sua situação e pediu ajuda
Foto: Facebook/marcia.mikhael / Reprodução

Feliz com a recuperação de Marcia, Carlos El Khouri avalia que a irmã enfrentará uma longa jornada para se recuperar do trauma psicológico. "A moça (Katrina Dawson, 38) morreu ao lado dela", lamenta.

Carlos, que acompanhou o sequestro desde as primeiras horas da manhã de segunda-feira, 15 (horário local), disse que a polícia matou os reféns. "O sequestrador estava atirando para fora do prédio (logo após a fuga de um grupo com cinco pessoas)", declarou, com base nos relatos da irmã.

Carlos também condenou a falta de ação da polícia australiana. "Os policiais não fizeram nada. Ficaram caminhando de um lado para o outro sem tomar nenhuma atitude", criticou.

Refletindo o pensamento de muitos australianos, Carlos está revoltado com o fato de a polícia não ter usado um atirador de elite para matar o iraniano Man Haron Moniz, evitando a tragédia que vitimou também o gerente da cafeteria Tori Johnson, 34. "Eu estava ao lado dos policiais o tempo todo, inclusive me ofereci como voluntário para levar a bandeira que o sequestrador estava pedindo", afirmou.

Brasileira refém aparece em vídeo gravado durante sequestro:

Conforme o comissário de polícia Andrew Scipione, os atiradores de elite não atuaram porque o sequestrador carregava uma mochila nas costas, que poderia conter explosivos. "É mentira. Eles sabiam que não havia nada lá dentro porque uma das reféns mandou um torpedo para o marido dando detalhes sobre isso", indigna-se Carlos.

Em 2009, o sequestrador foi retirado da "lista de observação" da agência de inteligência australiana. Durante um ano, ele permaneceu na lista de potenciais perigos à segurança nacional porque enviou cartas ofensivas às famílias de soldados mortos na guerra.

Hoje, o Primeiro-Ministro Tony Abbot cobrou explicações. "Precisamos entender porque uma pessoa com uma ficha criminal tão grande e com um histórico de instabilidade emocional foi retirado da lista", falou.

Monis estava em liberdade condicional por envolvimento na morte da ex-esposa. O iraniano também já havia respondido judicialmente a mais 40 acusações de assédio sexual envolvendo sete vítimas diferentes. Há 14 anos, a polícia do Irã pediu sua extradição, negada pelos australianos. Moniz era residente permanente na Austrália e recebia pensão do governo.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade