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Mundo

Obama diz ao Congresso que EUA sobreviverão a "acerto de contas"

25 fev 2009 - 09h37
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O presidente dos Estados Unidos Barack Obama buscou um equilíbrio delicado entre esperança e realismo na terça-feira, em seu primeiro discurso como presidente no Congresso, tentando acalmar os norte-americanos preocupados com a crise ao dizer que eles superarão o "acerto de contas".

Com a popularidade em alta após o primeiro discurso em uma sessão conjunta do Congresso, Obama tomou cuidado para incluir uma avaliação sóbria da complicada situação econômica e dos esforços realizados para superá-la.

Mas o presidente, que escreveu a autobiografia "A Audácia da Esperança" e que venceu as eleições de novembro com o lema "Yes, we can"("Sim, nós podemos"), também disse aos norte-americanos que eles podem esperar dias melhores pela frente.

"Ainda que nossa economia possa estar enfraquecida e nossa confiança, abalada, por mais que nós estejamos vivendo tempos difíceis e incertos, eu quero que todo americano saiba de algo nesta noite: nós vamos nos reconstruir, nós vamos nos recuperar", disse Obama, do Partido Democrata, em discurso na televisão cinco semanas após assumir a Casa Branca.

"E os Estados Unidos da América vão emergir mais fortes do que antes", disse, recebendo um forte aplauso do salão lotado. Obama foi interrompido por aplausos em mais de 60 ocasiões durante o discurso ao Congresso, controlado pelos democratas nas duas câmaras.

O discurso ocorreu em meio à ansiedade cada vez maior diante da pior crise financeira em décadas. Ainda que o apoio público a Obama seja grande, Wall Street continua cético às medidas econômicas do presidente.

O nervosismo dos investidores levou as ações norte-americanas na segunda-feira para o menor nível em 12 anos, mas o mercado se recuperou no dia seguinte com a declaração do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, de que os bancos serão capazes de superar a crise sem serem nacionalizados.

BANCOS E AUTOMÓVEIS

Obama disse que pode ser preciso mais dinheiro para sanear os bancos e ressuscitar a economia, alertando que, "por mais que o custo de agir seja grande, posso garantir que o custo de não agir seria muito maior".

Mas ele pareceu ser um pouco mais duro com as fabricantes de automóveis. Obama afirmou que, ainda que defenda que as companhias do setor sejam mais competitivas, o governo não irá protegê-las de suas próprias decisões erradas.

Tentando mostrar que vai cumprir a promessa de responsabilidade fiscal, Obama disse que identificou 2 trilhões de dólares em possíveis cortes no orçamento ao longo da próxima década.

O presidente, que vai apresentar sua primeira proposta de orçamento na quinta-feira, prometeu diminuir pela metade o déficit anual de mais de 1 trilhão de dólares herdado do governo Bush.

Isso pode ser difícil, de acordo com os críticos, se ele mantiver a promessa de atuar no custoso sistema de saúde em meio à recessão e à queda no ingresso de receitas tributárias.

Mas alguns analistas mostraram otimismo com o discurso.

"Obama obviamente está tentando abater a preocupação de que haverá uma crise orçamentária. É difícil dizer se ele ter êxito, mas é a retórica que importa", disse Amy Auster, diretora de câmbio e de pesquisa em economia internacional do ANZ Bank, de Melbourne.

Obama foi rápido em criticar indiretamente seu antecessor, o republicano George W. Bush.

"Debates muito importantes e decisões difíceis foram adiadas para algum momento em algum outro dia", disse Obama. "Bom, esse acerto de contas chegou, e a hora de assumir responsabilidade sobre nosso futuro é agora."

DIFERENÇAS COM BUSH

Ressaltando sua oposição a algumas das políticas mais contraditórias de Bush, que mancharam a imagem norte-americana no resto do mundo, Obama reiterou ainda que os Estados Unidos "não torturam". Ele ordenou o fechamento da prisão militar na Baía de Guantánamo, onde são mantidos suspeitos de terrorismo.

Ele também salientou a mudança no foco dos militares do Iraque para o Afeganistão, afirmando que divulgará em breve um plano que "termine de forma responsável" com a impopular guerra lançada por Bush no Iraque em 2003.

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