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O líder que promete 'um coração' a conservadores e 'um cérebro' a trabalhistas

6 mai 2015 - 12h56
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Se as pesquisas nas eleições britânicas estiverem corretas, Nick Clegg terá liderado seu partido, o Liberal Democrata (LibDem), ao auge do poder político em tempos recentes – e logo em seguida à uma forte queda do cavalo.

O partido, cujas origens remontam a 150 anos atrás – mas que só se estabeleceu como tal nos anos 1980 e 1990 –, deve perder nas eleições desta quinta-feira metade de suas atuais 56 cadeiras no Parlamento britânico (de um total de 650), segundo os levantamentos de intenção de voto.

O próprio Nick Clegg, eleito pelo distrito de Sheffield Hallam, no norte da Inglaterra, corre o risco de perder seu assento e o cargo de vice-primeiro-ministro, que assumiu após se aliar ao Partido Conservador depois das eleições de 2010.

Analistas concordam que o duro golpe será uma punição do eleitorado às concessões feitas por Clegg no momento de integrar a coalizão de governo com o Partido Conservador, em particular em relação ao preço pago para cursar as universidades britânicas.

Durante a campanha de 2010, o partido havia prometido barrar o aumento das anuidades. Mas uma vez no governo, abriu mão da promessa e apoiou a elevação do teto do valor para 9 mil libras por ano (cerca de R$ 41 mil) defendido pelos Conservadores.

O partido também já apoia um referendo sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia – bandeira de nacionalistas acatada pelo governo de David Cameron –, apesar de enfatizar que continua fiel à sua plataforma histórica pró-integração regional.

Mesmo com as mudanças de posição, Clegg insiste que os liberais democratas ainda são para o eleitor uma opção "diferente" dos dois principais partidos britânicos - o Conservador e o Trabalhista.

Ao lançar seu programa de governo, ele disse que os LibDems seriam "o coração em um governo conservador e o cérebro em um governo trabalhista" – uma alusão à fama dos primeiros de austeros, e dos segundos, de gastões.

Filho de mãe holandesa e pai inglês, Clegg estudou em Cambridge e depois no College of Europe, em Bruxelas. Após um breve período como jornalista, trabalhou como assessor do comissário europeu para o Comércio Lord Brittan.

Foi eleito pela primeira vez para o Parlamento em 1999, mas não tentou a reeleição e só voltou a Westminster em 2005. Durante este período, ocupou a posição de porta-voz do partido tanto para assuntos domésticos quanto para política externa.

Sua eleição para a liderança liberal democrata, em 2007, veio após uma disputa acirrada na qual Clegg, economicamente mais liberal, conseguiu atrair os filiados mais conservadores do partido.

Ao mesmo tempo, por seu papel na área de assuntos internos, ele exercia apelo junto à facção do partido mais preocupada com a agenda de liberdades civis.

Mas o salto para o eleitorado mais amplo veio durante os debates na campanha eleitoral de 2010, que lhe deram um nível sem precedentes de exposição para o público.

Várias vezes os líderes trabalhista, Gordon Brown, e conservador, David Cameron, declararam "concordo com Nick" – criando um bordão de que o partido soube tirar vantagem nas últimas semanas da eleição.

O partido perdeu seis assentos em relação a 2005, mas não o ímpeto.

Quando os conservadores não conseguiram atingir a maioria, seis dias de negociação resultaram em uma coalizão de governo liderada por David Cameron e tendo Nick Clegg como vice.

Cinco anos depois, os críticos na esquerda do partido Liberal Democrata acusam o seu líder de traição e de se deixar manipular pela direita para se manter no poder.

Pesquisas de opinião indicam que em seu distrito eleitoral, no norte da Inglaterra, Clegg está sendo ameaçado pelo candidato trabalhista, o segundo colocado. Porém, muitos eleitores conservadores estariam indicando que podem optar pelo voto tático no liberal democrata para evitar uma vitória trabalhista.

O discurso centrista de Clegg, prometendo equilibrar o que considera ser excessos tanto de um governo conservador quanto trabalhista, segue a mesma linha de cinco anos atrás. Ele promete barrar cortes à educação e aos benefícios sociais.

Resta saber se seus argumentos bastarão para garantir a permanência dos LibDems no próximo governo – seja quem for o vencedor.

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