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Mundo

O grupo de hackers dissidentes do Anonymous que diz ter impedido ataque do EI com espionagem online

23 nov 2015 - 13h03
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Após os ataques de Paris, o grupo de hackers Anonymous declarou guerra ao autodenominado Estado Islâmico e afirma ter fechado milhares de contas de Twitter usadas por militantes do grupo extremista.

Mas um grupo online menor também está em ação - e com uma estratégia bem diferente. Eles afirmaram que já conseguiram impedir pelo menos uma ação terrorista.

Esse grupo é formado por dissidentes do Anonymous, insatisfeitos com a forma como este grupo lidava com ameaças de organizações terroristas.

A gota d'água veio após o ataque à redação da revista Charlie Hebdo em janeiro. Os membros insatisfeitos romperam com o Anonymous e criaram um grupo chamado Ghost Security Group.

"Eles [Anonymous] não têm nenhuma experiência em contraterrorismo", diz o diretor-executivo do Ghost Security Group, que falou com a BBC por telefone e pediu que sua identidade não fosse revelada por segurança.

"Sentimos que não estávamos fazendo o suficiente e o ataque à Charlie Hebdo deixou claro que o EI não estava confinado ao Oriente Médio."

Tática de espionagem

Agências de segurança como o FBI se recusaram a comentar sobre o novo grupo - e é difícil verificar de forma independente as ações que eles reivindicam.

Ghost Security Group monitora mensagens em vez de derrubar sites do EI
Ghost Security Group monitora mensagens em vez de derrubar sites do EI
Foto: Ghost / BBC News Brasil

O diretor do Ghost Security Group disse que há voluntários que moram nos EUA, Europa e Oriente Médio, inclusive linguistas e "pessoas que têm familiaridade com técnicas de inteligência".

Em vez de, como o Anonymous, tentar fechar contas e atacar websites jihadistas com "ataques de negação de serviço" (conhecido pelo acrônimo em inglês DDoS) - basicamente enchendo um site com muito tráfico para fazer ele sair do ar -, o Ghost Security Group atua mais como espião.

Eles monitoram contas de Twitter do EI e se infiltram em grupos de discussão de militantes para juntar informações, que dizem repassar para serviços de segurança.

"Preferimos tentar impedir ataques a fechar sites", diz o diretor-executivo. "Acho que ataques DDoS não causam muitos danos ao EI. O Anonymous está afetando alguns fóruns extremistas que podem ter um valor de inteligência, mas queremos que eles fiquem online para podermos ver o que as pessoas estão dizendo e reunir informações a partir daí."

O grupo afirma que já ajudou a impedir um ataque na Tunísia ao captar mensagens dizendo que militantes atacariam um local específico na ilha de Djerba. O ataque se seguiria ao que matou 38 pessoas, principalmente turistas britânicos, em uma praia em junho.

Relatos indicam que Djerba realmente aparecia em uma lista de alvos do EI na Tunísia em julho, mas é difícil verificar se o Ghost Group prejudicou a ação.

A BBC também falou com um membro do Anonymous. Este acusou o grupo rival de buscar aproximação com governos e exagerar em suas conquistas. Ele rejeita as críticas à forma de atuação do Anonymous e diz que eles estão de fato atrapalhando ações de recrutamento do EI.

"Isso (as ações do Anonymous) impede que eles falem. Impede que recrutem jovens que não têm para onde ir e pessoas que estão mal de cabeça", disse esse operador do Anonymous à BBC.

Governo

O Ghost Group trabalha em parceria com uma consultoria em segurança, a Kronos Advisory, que repassa as informações conseguidas por eles para serviços de segurança.

Exemplo de mensagem interceptada pelo grupo: "Algo grande acontecerá hoje às 12h."
Exemplo de mensagem interceptada pelo grupo: "Algo grande acontecerá hoje às 12h."
Foto: Twitter / BBC News Brasil

Com a dissidência, o grupo afirma que conseguiu se distanciar da relação complicada do Anonymous com autoridades - no passado, o Anonymous alvejou diversas agências governamentais - como a polícia dos EUA após a morte de um homem negro em Ferguson, no Missouri.

O diretor do grupo disse à BBC que vale a pena trabalhar em parceria com o governo dos EUA.

"Nós temos dados. Não podemos fazer nada com estes dados a menos que trabalhemos com o governo dos EUA. Eles têm armas e tropas em solo, eles podem interromper ataques terroristas."

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