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Mundo

Novamente no submundo do poder, Irmandade Muçulmana está pronta para lutar

14 ago 2013 - 19h28
(atualizado às 19h37)
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A Irmandade Muçulmana prometeu que permanecerá nas ruas do Egito em protesto contra a destituição do presidente Mohammed Morsi, mesmo após o massacre que deixou mais de uma centena de mortos.

A maior parte dos ativistas está concentrado no Cairo e em Alexandria. Na capital egípcia, as forças de segurança já desocuparam a praça Nahda, um dos locais onde apoiadores de Morsi vêm se concentrando há algumas semanas.

Mas é na área de Rabaa Al-Adawiy, na zona leste do Cairo, que se encontra a maioria dos apoiadores de Morsi, prontos para mais confrontos.

"Estamos prontos para morrer", disse um militante da Irmandade Muçulmana ouvido pela reportagem. "A liberdade não é algo barato e estamos dispostos a pagar esse preço."

Um veterano da Irmandade Muçulmana, Mohammed Sudan, disse que não considera a possibilidade de deixar a praça. "Vamos para o túmulo", afirmou, em tom de desafio.

Com tamanha determinação, os ativistas já encaram o protesto como uma luta pela sobrevivência. O grupo não luta apenas para retomar os poderes que lhes foram tomados, mas pela própria existência.

No submundo, outra vez

Após milhões tomarem as ruas para pedir a saída do presidente Morsi (e da Irmandade Muçulmana) do poder, o discurso dos egípcios sobre o grupo é antagônico.

Ironicamente, o grupo islamista está na zona de conforto. A Irmandade Muçulmana sempre esteve no submundo da clandestinidade.

Eles sempre confrontaram os que estão no poder e foram mestres em levar seus partidários às ruas. É exatamente isso o que fazem agora.

A diferença é que desta vez todo o mundo está de olho no que acontece e a Irmandade Muçulmana tem como credencial o fato de que seu presidente democraticamente eleito foi derrubado pelo Exército.

Eles enfrentam, no entanto, a desconfiança de boa parte da sociedade egípicia, que passou a desacreditar no grupo após um ano de Morsi no poder.

Qualquer previsão política neste momento soa como excesso de otimismo. Tanto a Irmandade Muçulmana quanto o governo subiram o tom ao extremo e nenhum deles quer demostrar fragilidade.

A Irmandade tem mantido o tom desafiante e não mudará o rumo até que Morsi volte ao poder, ainda que isso seja algo improvável.

Seria muito dificil explicar a seus partidários caso eles decidissem sentar e negociar com o governo interino, a quem consideram ilegítimo.

Reagrupamento

O paradeiro dos principais líderes da Irmanda Muçulmana ainda é um mistério. Pouco se sabe sobre o "guia supremo" do grupo, Mohammed Badee.

O número dois do grupo, Khairat Al-Shater, está na prisão, assim como o agora ex-presidente Morsi, em local incerto.

Mas isso não é novidade. Os líderes do grupo foram presos muitas vezes sob o governo de Hosni Mubarak. Ainda assim, o grupo nunca deixou de funcionar na clandestinidade.

O comando sempre vem do escritório do guia supremo. Ate o momento, as ordem são seguidas nas ruas do Egito.

Não se sabe quanto tempos a situação vai durar, qual será o seu alcance e nem se os partidários da Irmandade Muçulmana vão conseguir medir forças com os agentes de segurança.

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