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Nova cúpula do Partido Comunista da China é masculina e conservadora

15 nov 2012 - 13h43
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A nova cúpula do Partido Comunista da China (PCCh), o Comitê Permanente anunciado nesta quinta-feira, é formada exclusivamente por homens, em geral de trajetória conservadora, e deixou de fora reformistas e a única mulher que tinha a possibilidade de ocupar um dos assentos do cobiçado órgão.

A apresentação de hoje, em rigorosa ordem hierárquica, dos novos membros do Comitê Permanente, se ateve ao previsto na nomeação de Xi Jinping como novo secretário-geral do PCCh e, portanto, próximo presidente da China a partir de março.

Xi, de 59 anos, foi acompanhado pelo "número dois" Li Keqiang, de 54, que provavelmente se tornará o primeiro-ministro chinês.

Os membros restantes do órgão supremo têm o denominador comum de manter uma estreita relação com o ex-presidente Jiang Zemin, uma "grande sombra" que contrasta com a pouca influência que Hu Jintao mostrou na hora de colocar seus seguidores no Comitê.

O grande peso político do ex-líder já foi notado na inauguração do 18º Congresso do Partido Comunista (PCCh), quando se sentou entre Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, lugar privilegiado em um congresso decisivo que não deixou margem às arbitrariedades.

Como número três no time anunciado hoje fica Zhang Deming, possível novo presidente da Assembleia Nacional Popular e cuja ascensão os analistas relacionam ao trabalho à frente da cidade de Chongqing, a qual foi enviado como secretário-geral do Partido em substituição do deposto líder Bo Xilai.

Em seguida na hierarquia fica o atual líder da metrópole de Xangai, Yu Zhengsheng, que será o presidente do principal órgão consultivo da China e é conhecido por ter uma grande habilidade para gerenciar crises.

Outro conservador, Liu Yunshan, ocupa o quinto assento do Comitê, onde prevê-se que estreite mais o controle sobre os meios de comunicação e a internet após ser diretor da delegação da agência "Xinhua" na região da Mongólia Interior.

Quem deve apertar o cerco, neste caso, sobre os políticos comunistas, é Wang Qishan, sexto da lista e também nomeado diretor do Comitê de Disciplina, o que, de fato, o torna o "chefe anticorrupção" da nova China.

A lista é completada com Zhang Gaoli, de 66 anos e graduado em Estatística, que defende medidas "pró-mercado", e que também faz parte do legado de Jiang Zemin na nova cúpula.

"Salvo Li Keqiang, quem tem estreitos vínculos com Hu, nenhum de seus candidatos preferidos - Li Yuanchao, Wang Yang e Liu Yandong - conseguiu entrar", explicou à Efe o analista Peter Martin, de uma empresa de consultoria com base em Pequim.

Na luta de influências entre Jiang e Hu, os "perdedores" foram os reformistas, aqueles que publicamente defenderam a necessidade de "uma mudança política", analisa o especialista.

É o caso de Wang Yang, atual líder da província de Cantão, que defendeu a necessidade de uma "cirurgia" tanto no partido quanto no governo, assim como Li Yuanchao, que estudou na Universidade de Harvard e pediu em diversas ocasiões "reformas políticas" e contra a corrupção.

Entre os "perdedores" também está a única mulher, Liu Yandong, graduada em química, que não conseguiu fazer história como a primeira mulher a ter um posto na cúpula comunista. A China precisará esperar mais cinco anos para ver se alguma representante feminina consegue chegar à cúpula dirigente do país.

O caráter conservador dos "sete" homens mais importantes da China "derruba qualquer esperança de reforma política", segundo Martin, que, no entanto, está confiante de que a "nova fornada de líderes estimulará medidas pró-mercado".

"Não sem dificuldades", acrescenta, e explica que "os anos de crescimento vertiginoso da China geraram muitos opositores à reforma econômica dentro do partido".

No entanto, um analista chinês que pediu para manter o anonimato, enfatiza que a "necessidade de mudança" é questão de "vida ou morte", como antecipou Hu Jintao em seu discurso na abertura do Congresso do PCCh, quando recomendou: "O país cair ou não, dependerá dessas mudanças". EFE

tg/tr

EFE   
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