PUBLICIDADE

Mundo

Egito: distúrbios na Praça Tahrir deixam ao menos 9 feridos

11 dez 2012 - 05h56
(atualizado às 06h03)
Compartilhar
Exibir comentários

Nove pessoas foram atingidas nesta terça-feira por disparos feitos por homens armados contra manifestantes na praça Tahrir, no Cairo, segundo testemunhas e meios de comunicação, num dia em que apoiadores e opositores do governo se preparam para manifestações nas ruas. Carros da polícia cercaram a praça, em sua primeira aparição na área desde 23 de novembro, logo depois do decreto que ampliava os poderes do presidente Mohamed Mursi, o que desencadeou uma onda de protestos.

Manifestantes ocupam a Praça Tahrir durante a madrugada desta terça-feira
Manifestantes ocupam a Praça Tahrir durante a madrugada desta terça-feira
Foto: Reuters

Testemunhas disseram que os homens armados que agiram nesta terça-feira também atiraram bombas de gasolina, iniciando um pequeno incêndio. Muitos dos manifestantes, despertados pelo barulho, gritavam que "o povo quer a derrubada do regime" -- um dos principais lemas da rebelião popular que depôs o presidente Hosni Mubarak em 2011, e que agora está sendo adaptado pelos oponentes de Mursi, um político de tendência islâmica. Gravações de recitações do Alcorão eram tocadas nos alto falantes da praça.

"Os mascarados chegaram de repente e atacaram os manifestantes na Tahrir. O ataque foi destinado a nos deter e nos impedir de protestar hoje. Nós nos opomos a essas táticas terroristas e vamos realizar o maior protesto possível hoje", disse John Gerges, um cristão egípcio que se definiu como socialista.

Esquerdistas, liberais e outros grupos da oposição convocaram passeatas até o palácio presidencial, na tarde de terça-feira, para protestar contra um referendo convocado às pressas por Mursi para aprovar uma nova Constituição, no próximo sábado. A oposição diz que a proposta constitucional polariza o país e pode colocar o Egito em uma camisa-de-força islâmica. Os políticos islâmicos, que dominaram a assembleia constituinte, pediram aos seus seguidores que compareçam "aos milhões" na terça-feira para manifestar seu apoio ao presidente e ao referendo.

Na semana passada, sete pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos entre a Irmandade Muçulmana e adversários que cercam o palácio presidencial, cujas paredes estão pichadas.

A Guarda Republicana, uma força de elite que protege o palácio, ainda não usou a força para afastar os manifestantes, mas o prédio está cercado por tanques, arames farpados e barricadas de concreto. Um decreto baixado por Mursi na noite de domingo concede às Forças Armadas poderes para prender civis durante o referendo. O Exército interferiu no conflito no sábado, pedindo aos envolvidos que resolvam suas disputas pelo diálogo, e alertando que não permitirão que o Egito entre em um "túnel escuro".

A crise também gera dúvidas sobre a capacidade do governo para realizar reformas previstas condicionadas a um empréstimo de US$ 4,8 bilhões do FMI.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade