Chávez viaja para Cuba e deixa Venezuela nas mãos de Maduro
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, viajou para Cuba após a reaparição do câncer do qual foi diagnosticado há 18 meses, e delegou o poder para seu vice-presidente, Nicolás Maduro, que em seu primeiro ato oficial chorou e jurou lealdade ao líder.
"Quem tem que chorar que chore, porque nosso pranto é a expressão mais pura do amor que temos por Chávez e pela pátria de nossos filhos", disse nesta segunda-feira Maduro em seu primeiro ato após a saída de Chávez do país.
Maduro falou depois que o governante se dirigiu hoje com "otimismo" a Havana para se submeter a uma operação "inadiável", assegurando que deixava o país e sua revolução "em boas mãos".
"Eu vou, e o alto comando político ainda que não o entregue, o delego e está em boas mãos, aí está Nicolás", afirmou Chávez em um vídeo transmitido pela televisão com imagens da posse de Diego Molero como novo ministro da Defesa, cargo para o qual foi nomeado em 29 de outubro.
Já no aeroporto, segundo outras imagens divulgadas pela televisão estatal, Chávez se despediu com um "até a vida sempre, venceremos", pouco antes de subir as escadas e tomar o avião junto a pelo menos uma de suas filhas.
Maduro fez um juramento entre lágrimas, prometeu lealdade e orou por uma "saúde" e uma "longa vida" a Chávez.
"Chávez tem um povo, tem a nós e nos terá para sempre nesta batalha de vitória em vitória. Com nossa lealdade até além desta vida vamos ser leais a Hugo Chávez", disse um emocionado Maduro, acompanhado pelo candidato a governador e ex-vice-presidente Elías Jaua.
Maduro foi designado por Chávez como seu possível sucessor caso não possa assumir em 10 de janeiro e seja preciso convocar eleições antecipadas na Venezuela.
Com a proximidade das eleições de 16 de dezembro, nas quais os venezuelanos elegerão os governadores dos 23 estados do país, Maduro pediu que a população vote no governo.
O chefe de Estado venezuelano, de 58 anos, e que em 10 de janeiro deverá fazer o juramento para assumir seu quarto mandato, foi autorizado ontem pelo plenário da Assembleia Nacional (unicameral) a se ausentar do país por um período maior a cinco dias, sem que se saiba quanto tempo permanecerá em Cuba.
Desde meados do ano passado, Chávez se submeteu a três intervenções cirúrgicas devido a um câncer cuja localização, tipo ou gravidade não foram informados.
Ao longo do fim de semana e do dia de hoje líderes do continente expressaram sua solidariedade a Chávez. O presidente equatoriano, Rafael Correa, inclusive viajou para Havana para encontrar o venezuelano.
Os seguidores de Chávez também lotaram as redes sociais com centenas de mensagens. No Twitter, foi convocado um "tuitazo" pela saúde do líder com o hashtag #ElMundoEstaConChavez.
Horas depois do movimento começar, o tema estava entre os mais comentados na rede social.
Enquanto isso, o opositor partido Primeira Justiça, do ex-candidato presidencial Henrique Capriles, considerou hoje que Chávez inaugurou o "pós-chavismo" ao pedir a convocação de novas eleições após a reaparição do câncer e criticou as informações "totalmente obscuras" divulgadas sobre a doença do presidente.
"O próprio presidente, de sua própria boca, com suas próprias palavras, inaugurou uma nova era, que é o pós-chavismo", disse o coordenador da Primeira Justiça, Julio Borges, à emissora Unión Rádio, depois que Chávez anunciou no sábado passado a reaparição do câncer.
De acordo com Borges, "agora o que cabe ao país inteiro, mas principalmente aos que estão no governo, é entender que a dinâmica destes 14 anos de confronto, de briga e de divisão naturalmente chegou ao seu fim". EFE
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