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Oriente Médio

Síria diz que rebeldes podem usar armas químicas e culpar Assad

8 dez 2012 - 14h50
(atualizado às 17h55)
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O regime sírio devolveu neste sábado para os rebeldes a acusação do possível uso de armas químicas no conflito, destacando que alguns jihadistas invadiram uma fábrica de gás tóxico. Nos últimos dias, a comunidade internacional vinha advertindo o presidente sírio, Bashar al-Assad, de que não toleraria o uso de armas químicas para combater a rebelião.

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Neste sábado, o Ministério sírio das Relações Exteriores reiterou que não recorrerá a essas armas, e advertiu que os rebeldes podem ser aqueles que as utilizarão. Em cartas enviadas à ONU e citadas pela imprensa oficial, o ministério "adverte para a utilização por parte de grupos terroristas de armas químicas contra o povo sírio".

Além disso "lamenta a inoperância da comunidade internacional, depois que um grupo terrorista tomou o controle de uma fábrica particular de cloro tóxico no leste de Aleppo", no norte do país. O ministério se referia à fábrica sírio-saudita SYSACCO, que produz soda cáustica e gás clorídrico, tomada nesta semana pelos jihadistas da Frente Al-Nusra, de acordo com moradores da área.

Nas mesmas cartas ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o regime sírio reitera que "nunca utilizará armas químicas, se é que existem". A Rússia, aliada do regime de Assad, reconheceu implicitamente a existência dessas armas na Síria, afirmando que estavam "sob estrito controle".

Autoridades americanas haviam dito que o Exército sírio tinha carregado bombas com gás sarin, com o objetivo de soltá-las de aviões. Na sexta-feira, Georges Sabra, chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal integrante da coalizão opositora síria, pediu ao mundo que atue "antes da catástrofe", que seria o uso de armas químicas por parte do governo Assad.

A Síria está mergulhada em um conflito desde 15 de março de 2011, que começou com uma revolta popular contra o poder e depois se militarizou em resposta à repressão do Exército. Em quase 21 meses, a violência causou a morte de mais de 42.000 pessoas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG síria com sede no Reino Unido.

Enquanto os esforços diplomáticos seguem sem apresentar uma solução para o conflito, a coalizão opositora anunciou que criará nos próximos dias um Conselho Militar Supremo para "unificar a ação militar", declarou seu secretário-geral. "A ajuda material que obtivermos será fornecida exclusivamente a esse conselho" militar supremo, disse à AFP o secretário-geral da coalizão, Mustafa Sabbagh.

Segundo uma liderança da oposição, o general Selim Idris, que desertou em julho de 2012, será o chefe do novo Estado-Maior da insurgência. Do novo conselho militar serão excluídos os grupos islamitas armados, como a Frente Al-Nusra, que se negou a integrar a coalizão opositora, indicou Sabbagh.

Nas frentes de batalha, os combates e bombardeios prosseguiam na província de Damasco, núcleo dos enfrentamentos entre o regime e os insurgentes. De acordo com o OSDH, neste sábado 43 pessoas morreram vítimas da violência, entre elas 14 rebeldes e 12 civis na província da capital.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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