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Oriente Médio

Cristina quer que Mercosul negocie com UE com "números claros"

7 dez 2012 - 15h52
(atualizado às 16h40)
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A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apoiou nesta sexta-feira uma aceleração das negociações entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, mas sempre com os "números claros". Cristina, que discursou na sessão plenária da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul em Brasília, propôs uma maior relação comercial com os países andinos e respaldou um aprofundamento dos contatos com a UE.

Dilma Roussef recebe a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na abertura da cúpula em Brasília
Dilma Roussef recebe a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na abertura da cúpula em Brasília
Foto: EFE

"Mas quando falarmos com a Europa temos que perguntar bem o que querem e o que oferecem", declarou a presidente argentina, que condenou o "protecionismo" europeu, segundo o áudio de seu discurso obtido com a imprensa oficial argentina, pois o sinal institucional da cúpula foi suspenso após a abertura. "Estamos cansados de sermos tachados de protecionistas, quando a Europa tem décadas de protecionismo", afirmou, citando como exemplo "a manteiga francesa, que tem tarifas de 120% ou 130%".

O discurso de Cristina ocorre depois que seu governo entrou com um processo nesta semana perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a UE, a Espanha e os Estados Unidos por "impedir o livre-comércio" ao pôr barreiras a diversos produtos argentinos nesses mercadosa. A reação europeia foi pedir nesta quinta-feira à OMC, junto com EUA e Japão, a criação de um painel para que se pronuncie sobre as "restrições" a importações impostas pela Argentina e que prejudicaram seu comércio e investimentos há mais de um ano e meio.

Segundo Cristina disse hoje, a UE oferece ao Mercosul "como graciosa concessão que todos baixemos as tarifas a 20%", algo "impossível" para a Argentina, porque suas tarifas não passam de 35% e uma redução dessa magnitude seria "temerosa". Cristina admitiu a importância dos investimentos europeus na América Latina e disse que, pelo menos no caso do Mercosul, seria importante "ser parceiro" da UE, mas "não meros depositários das mercadorias que sobram ali".

A presidente argentina também avaliou o esforço de todos os países do Mercosul para corrigir desigualdades sociais históricas. "Somos como o salmão patagônico, que nada contra a corrente, rio acima, para ir desovar, reproduzir-se, e, que nesse esforço, morre, mas deixa filhos, deixa aliados, deixa ideias", filosofou Cristina. Segundo a presidente, os países do Mercosul "suportaram pressões que não ninguém suportou" e por isso não podem agora "mudar o rumo".

EFE   
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