Chefe do Hamas no exílio beija o solo em sua 1ª visita a Gaza
O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, entrou na Faixa de Gaza nesta sexta-feira em sua primeira visita à região, beijando o solo e desejando, um dia, morrer como um "mártir" no território palestino.
Acompanhado por seu vice, Mussa Abu Marzuk, e por outros funcionários de alto escalão, Meshaal atravessou a fronteira, saiu do veículo no qual se deslocava e beijou o solo, antes de abraçar o primeiro-ministro do Hamas de Gaza, Ismail Haniya.
Sua visita ocorre duas semanas após o fim de um conflito sangrento com Israel, que começou no dia 14 de novembro com um ataque aéreo israelense contra a Cidade de Gaza que matou o líder do Hamas Ahmed Jaabari.
Pouco antes de sua chegada, Meshaal foi levado para ver os destroços do carro de Jaabari, que foram transportados a Rafah especialmente para a visita. "Espero que Deus me torne um mártir na terra da Palestina em Gaza", afirmou ao observar os destroços.
Izzat al-Rishq, outro membro de alto escalão do burô político do movimento no exílio, afirmou que era uma experiência emocionante estar finalmente na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. "Este é o melhor sentimento que já tive. É um momento histórico inesquecível", disse à AFP "Nosso desejo de beijar o solo da Palestina se tornou realidade".
O membro de alto escalão do Hamas Mahmud al-Zahar elogiou a visita e disse que ela foi repleta de simbolismo. "Não importa quanto tempo um palestino está longe de sua terra natal, ele sempre irá retornar após uma vitória", disse à AFP.
Ruas por todo o território foram decoradas com as bandeiras verdes do Hamas para marcar a visita, junto com as bandeiras vermelhas da Frente Popular de Libertação da Palestina, que no dia 11 de dezembro comemora seu 45º aniversário.
Militantes mascarados das Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, estavam mobilizados, utilizando uniformes e carregando rifles de assalto Kalashnikovs, enquanto patrulhavam as vias nas quais o comboio oficial deveria trafegar.
Meshaal deixou a Cisjordânia com sua família depois da Guerra dos Seis Dias (1967), quando Israel assumiu o controle desse território e também da Faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental. Essa é a primeira vez que ele retorna a um território palestino em 45 anos. Ele nunca pós os pés em Gaza, onde vivem cerca de 1,7 milhão de palestinos.
A visita é possível porque, durante os acordos de cessar-fogo, Israel teria se comprometido a não planejar o assassinato de Meshaal. Ele já foi vítima de uma tentativa de assassinato em 1997, na Jordânia.