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Oriente Médio

Bush reaparece em público para apoiar reforma migratória

7 dez 2012 - 10h08
(atualizado às 10h30)
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Após ter ficado a margem durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos, o ex-presidente George W.Bush voltou ao cenário nacional discursando para o Partido Republicano, imerso em uma crise de identidade, apoiando uma reforma migratória no país.

Bush discursou sobre as políticas de imigração do país em Dallas, no Texas
Bush discursou sobre as políticas de imigração do país em Dallas, no Texas
Foto: AP

Durante uma conferência sobre imigração em Dallas, no Estado do Texas, na terça-feira, Bush, que costuma fazer referências bíblica em seus discursos, afirmou que os imigrantes "revitalizam" a alma dos americanos. "Nossa nação debate o rumo de ação adequado sobre imigração e espero que façamos isso com um espírito benevolente e levemos em conta a contribuição dos imigrantes", disse Bush em uma conferência co-patrocinada pelo Banco de Reserva Federal de Dallas.

"Os imigrantes não só ajudam a construir nossa economia, mas também revitalizam nossa alma", enfatizou Bush, em seu primeiro grande discurso sobre imigração desde que deixou o poder em 2009 e com o qual, segundo observadores, tenta reconstruir sua imagem. Suas palavras ecoaram entre os mais de 250 líderes conservadores, cívicos e empresariais congregados em Washington para pressionar por uma reforma.

Bush desembarcou na Casa Branca em 2001 com uma mala cheia de planos e apoiou uma reforma migratória para "tirar da sombra" as pessoas sem documentos nos Estados Unidos. Como ex-governador do Estado do Texas, sua postura moderada sobre imigração ajudou a conseguir 35% de apoio latino em 2000 e 44% em 2004.

Bush manifestou seu compromisso com um projeto de legalização durante um encontro no Salão Oval com o então presidente do México, Vicente Fox, em setembro de 2001. No entanto, os atentados de 11 de setembro de 2001 sepultaram as negociações e os republicanos no Congresso, receosos com os imigrantes, frustraram seus esforços.

Bush, que governou durante oito anos convencido de que sua missão histórica era proteger os EUA do terrorismo, deixou de lado sua meta sobre imigração e investiu todo capital político nas guerras do Afeganistão e do Iraque, em 2001 e 2003, respectivamente. O consenso é que essas guerras, somadas à crise econômica, afundaram Bush nas enquetes e dificultaram a construção de seu legado.

A vitória do presidente Barack Obama em 2008 foi uma resposta sobre as políticas de Bush, tanto que o ex-presidente se transformou em um "fantasma" para os republicanos durante a disputa presidencial de 2012. O candidato republicano à presidência, Mitt Romney, manteve distância de Bush e, nas vezes que pôde, tentou diferenciar-se de suas políticas.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, comentou na quarta-feira que Bush apoiou a reforma desde que era governador e que o desejo da administração Obama é que os republicanos colaborem na busca por uma solução. Mas o partido de Abraham Lincoln, o que emancipou os escravos no século XIX e que promulgou uma "anistia" para os imigrantes ilegais de 1986, segue opondo-se a uma reforma, ainda que isso tenha custado o apoio dos hispânicos e, de quebra, a presidência.

O ressurgimento de Bush coincide com a introspecção do Partido Republicano que, por causa da derrota, pondera como reformar sua marca e enfrentar o desafio da imigração ilegal. Bush deixou a Casa Branca em 2009 com o conselho de que os republicanos não se transformassem em líderes "anti-imigrantes" e, rejeitando o anonimato, reaparece com o mesmo discurso.

"Não há dúvidas de que Bush que recordar seu partido de que ele tentou evitar um desastre eleitoral com os hispânicos ao promover um projeto de lei migratório razoável durante seu mandato. Bush merece esse crédito", disse à agência EFE Larry Sabato, diretor do Centro para Políticas da Universidade da Virgínia.

"Não tenho certeza de que a base do Partido Republicano siga escutando líderes como Bush, e os ativistas conservadores desaprovam profundamente muitas de suas ações como presidente. Mas, se a base não mudar suas ideias com relação aos imigrantes e outros assuntos sociais, o Partido Republicano facilmente poderia ser extinto em alguns anos", advertiu Sabato.

EFE   
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