Mursi diz que não permitirá convocações a um golpe no Egito
6 dez2012 - 18h25
(atualizado em 7/12/2012 às 12h29)
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O presidente egípcio, Mohammed Mursi, fez nesta quinta-feira um pronunciamento após a tensão que divide o país desde que ele blindou seus poderes diante da Justiça, há duas semanas. Mursi afirmou em um discurso televisionado que a crise política deve ser resolvida pelo diálogo e que não vai tolerar assassinatos e sabotagem. "Eu respeito a liberdade de expressão, mas não vou permitir convocações a um golpe", disse.
"Tais eventos dolorosos aconteceram por causa das diferenças políticas que devem ser resolvidas por meio do diálogo", afirmou o presidente islâmico, após dois dias de protestos violentos que deixaram pelo menos seis mortos e 700 feridos. Ele também acusou os manifestantes de terem atacado o comboio presidencial na noite da terça-feira passada.
"Convido para um diálogo global e produtivo todas as forças políticas, presidentes de partidos políticos, jovens da revolução e os juízes para que no próximo sábado nos reunamos na sede da presidência para conseguir um acordo completo e sair da divisão", declarou. Este diálogo, segundo o líder, abordará principalmente o Conselho da Shura (câmara alta), a lei eleitoral e o referendo sobre a nova Constituição, previsto para o dia 15 de dezembro e que a oposição exige que seja adiado.
"O país prepara-se para realizar o referendo, e se o povo o aceitar, começará a construção das instituições do Estado. Se não o aprovar, formarei uma nova Assembleia Constituinte, seja por consenso ou eleição direta, para elaborar uma nova Constituição", assinalou. Além disso, Mursi se ofereceu para renunciar ao artigo 6 do polêmico decreto "se o diálogo com as forças políticas assim decidir".
Esse artigo diz que "o presidente, em caso de ameaça à revolução, à união nacional ou à segurança da nação, poderá tomar todas as medidas que veja necessárias para fazer frente à ameaça", embora Mursi não tenha mencionado os outros artigos, como o que blinda seus poderes na Justiça.
A oposição não islamita do Egito, unida na Frente de Salvação Nacional, disse nesta quinta-feira que se fecharam as portas do diálogo com a presidência após os últimos eventos e convocou novos protestos para esta sexta-feira. Em comunicado, o grupo assegurou que "a falta de resposta (de Mursi) para salvar o país fecha as portas a toda tentativa de negociação".
A Frente expressou seu desejo que o chefe de Estado proponha um diálogo, mas considerou que isto é muito difícil após "o sangue derramado na frente do Palácio Presidencial", onde os enfrentamentos entre defensores e críticos de Mursi deixaram ontem à noite seis mortos e centenas de feridos.
Com informações de agências internacionais.
Policiais e manifestantes se enfrentaram mais uma vez no Egito em mais um dia de protestos desde uma polêmica medida presidencial
Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Usando máscaras para se proteger do gás, as pessoas que foram à praça no Cairo fizeram frente à polícia
Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Durante as ações da polícia, um manifestante pegou o dispositivo com gás e jogou de volta na polícia
Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Manifestante se ajoelha durante os protestos no Cairo neste domingo, após o decreto do presidente Mohamed Mursi
Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Visão geral da praça Tahrir, no Cairo, durante a investida da polícia com gás contra os manifestantes
Foto: Mohamed Abd El Ghany / Reuters
Foto: Terra
Policiais lançam gás lacrimogêneo para repelir manifestação contra o presidente egípicio Mohammed Mursi
Foto: Reuters
Os protestos ocorreram na frente do Conselho Superior da Magistratura, no Cairo
Foto: Reuters
Neste sábado, um advogado egípcio apresentou uma denúncia perante a Procuradoria-Geral contra vários dirigentes opositores egípcios por uma suposta tentativa de derrubar do poder o presidente Mohammed Mursi
Foto: Reuters
Um homem carrega uma bomba de gás lacrimogêneo durante os protestos no Cairo
Foto: Reuters
O presidente Mohamed Mursi fala com simpatizantes em frente do palácio presidencial, no Cairo
Foto: Reuters
O comício foi organizado pela Irmandade Muçulmana para demonstrar apoio ao presidente
Foto: Reuters
Manifestantes pró-Mursi rezam e cantam palavras de apoio ao presidente durante ato em frente ao palácio presidencial no Cairo
Foto: Reuters
Multidão participa de ato pró-Mursi em frente ao palácio presidencial, no Cairo
Foto: AP
Manifestantes tremulam bandeira do Egito durante protesto contra o presidente Mursi na Praça Tahrir, no Cairo
Foto: AP
Homens atiram pedras durante confronto entre apoiadores e opositores do presidente Mursi em Alexandria
Foto: AP
Com um uma cruz cristã em uma mão e o Alcorão na outra, manifestante de oposição grita palavras de ordem durante protesto na Praça Tahrir, no Cairo. Milhares de pessoas se reuniram na icônica praça na capital egípcia para protestar contra reformas constitucionais promovidas pelo presidente Mohammed Mursi. Os opositores acusam-no de buscar concentrar mais poder em suas mãos
Foto: AP
Manifestantes protestam em frente à sede do partido governista em Alexandria
Foto: AP
Opositores invadem a sede do governista Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, e quebram escritórios em Alexandria
Foto: AP
Manifestantes contrários a Mursi se protegem durante confronto com simpatizantes do presidente na Praça Tahrir, no Cairo. Partidários e críticos do governo entraram em confronto nesta sexta-feira na capital e em Alexandria, cidade localizada na costa do Mar Mediterrâneo
Foto: AP
Homem protege a cabeça durante confronto em Alexandria
Foto: AFP
Manifestantes carregam homem ferido em conflito entre apoiadores e opositores do presidente egípcio
Foto: AP
Reformas anunciadas por Mursi renovaram as manifestações em Tahrir, símbolo dos protestos da Primavera Árabe egípcia
Foto: AFP
Foto: Terra
Manifestantes carregam jovem ferido nos protestos, perto da praça Tahrir, no Cairo
Foto: AP
Egípcios montam acampamento na praça Tahrir para protestar contra o presidente, Mohamed Mursi
Foto: AFP
Manifestante mostra cartaz que compara o presidente egípcio a Adolf Hitler durante o protesto
Foto: AFP
Jovens lançam pedras contra soldados em protesto no Cairo
Foto: AFP
Manifestante é preso por soldados durante o protesto na praça Tahrir
Foto: AP
Militares prendem um manifestante durante um protesto contra o presidente egípcio na praça Tahrir, no Cairo