PUBLICIDADE

Oriente Médio

Candidatos se apresentam às eleições de Israel com favoritismo da direita

6 dez 2012 - 09h18
Compartilhar

Os partidos políticos de Israel apresentam nesta quinta-feira suas candidaturas com vista nas eleições legislativas do próximo dia 22 de janeiro, a qual poderá ficar marcada pela cômoda vitória da direita de situação, pela queda do centrista Kadima e pelo renascimento do Partido Trabalhista.

Em Israel, onde o Parlamento que define a escolha do primeiro-ministro, o voto é proporcional, o que garante uma maior representatividade social, mas também fragmenta a câmara e acaba exigindo a formação de inúmeras coalizões em nome da governabilidade.

Além dos vários partidos personalistas de perfil ideológico indefinido e do fato de que quase todo o Parlamento costuma agir de forma parecida quando a guerra se aproxima, o mapa político do país, de grosso modo, se divide entre o bloco de direita e a da esquerda, delineados mais por suas posições sobre as concessões territoriais aos palestinos do que por modelos socioeconômicos.

Dentro deste complexo quadro político, a direita aumentaria ligeiramente seu poder para cerca de 70 cadeiras, das 120 do Parlamento, segundo as últimas pesquisas divulgadas pela imprensa local no último dia 29, quando a operação "Pilar Defensivo" já havia sido suspensa em Gaza.

A coalizão liderada por Benjamin Netanyahu chega forte às eleições basicamente por dois motivos: primeiro, a economia segue razoavelmente bem em meio a uma crise global e, segundo, a ausência simultânea de atentados palestinos gera uma esperança de estabilidade na população.

O bloco da direita é liderado pela Likud Beiteinu, uma coalizão entre o Likud de Netanyahu e o Yisrael Beiteinu, formação liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, e que se mostra ainda mais nacionalista

No entanto, a jogada da cédula única, anunciada por surpresa no último mês de outubro, lhes garante menos deputados (entre 37 e 39) do que obteriam isoladamente, já que uma parte de suas respectivas bases sociais não vê essa aliança com bons olhos.

O Likud é, ao lado do Trabalhista, um dos dois grandes partidos históricos do sionismo, ou seja, bem nutridos de famílias religiosas e tradicionais.

O Yisrael Beiteinu, por outro lado, é um partido recente, firmado a partir de uma dissidência do Likud criada por Lieberman nos anos 1990 para capitalizar o voto de mais de 1 milhão de imigrantes da então recém-extinta URSS (laicos em geral), mas que acabou recebendo apoios mais diversos.

Apesar da redução das cadeiras, a lista conjunta se destaca por evitar uma luta entre ambos os líderes, que se associam tanto como se temem, por liderar o estandarte da direita e garantir um sólido pilar para edificar uma aliança com os ultra-ortodoxos, o sefardita Shas (11 deputados), o ashkenazi Judaísmo Unido da Torá (5 ou 6), a direita mais radical (até 13) e algum outro partido.

O ultranacionalismo religioso, próximo ao movimento colono, também se apresenta dividido, mas potente: Casa Judaica-União Nacional alcançaria até 11 parlamentares com um dirigente recém-saído das primárias, o jovem Naftali Benett, enquanto que o Israel Forte, liderado pelos dois deputados mais fanáticos do país, Mijael Ben Ari e Aryeh Eldad, teria apenas um par de cadeiras.

Uma das questões-chave desse pleito é a fragilização do Kadima, o partido de centro-direita criado em 2005 por Ariel Sharon para antecipar a retirada de Gaza e que, agora, corre o risco de se transformar em um dos muitos partidos da história política de Israel que surgem com a mesma velocidade que desaparecem.

Em quatro anos, sob a batuta de Shaul Mofaz, o Kadima passou de formação mais votada (28 deputados que seu então líder Tzipi Livni preferiu levar à oposição do que aceitar a chantagem econômica proposta por Shas em troca de seu apoio) ao possível desaparecimento parlamentar.

A morte do Kadima, por outro lado, alimentaria ainda mais a ressurreição do Partido Trabalhista, que parece ter posto um fim no período de instabilidade dos últimos anos pelas mãos de Shelly Yajimovich, uma jornalista que está triplicado (19 ou 20 cadeiras) as expectativas do partido.

O abstrato voto de "centro" tem tantos pretendentes que a torta ficaria pequena ao ser repartida entre os que se simpatizam com Shelly, os nove ou dez deputados que teria "Yesh Atid" - a formação personalista que foi tecido sob medida pelo apresentador de televisão Yair Lapid -, e os nove que alcançaria o Tzipi Livni, que entrou na corrida no último dia 27 com um novo partido, o "Hatnuá".

Já a esquerda pacifista do Meretz somaria uma, duas ou três cadeiras, impulsionado pelo prestígio de seu novo presidente, Zahava Gal On, enquanto o Hadash, a única formação judeu-árabe, vertebrada pelo Partido Comunista, manteria suas quatro.

A Lista Árabe Unida-Ta''al e o Balad, duas formações compostas por palestinos com cidadania israelense (um quinto da população do país), voltariam a somar sete legisladores. EFE

ap/fk

EFE   
Compartilhar
Publicidade