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Oriente Médio

Oposição responsabiliza presidente do Egito por violência

5 dez 2012 - 17h54
(atualizado às 18h58)
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Mohamed ElBaradei, chefe da Frente de Salvação Nacional (FSN), culpou o presidente egípcio, Mohamed Mursi, pelas hostilidades desta quarta-feira entre partidários e opositores, no Cairo. "O regime perde legitimidade dia após dia", disse o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e prêmio Nobel da Paz. ElBaradei falou durante uma coletiva de imprensa ao lado do ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa e do ex-candidato à presidência Hamdin Sabahi, que fazem parte do FSN.

Líder oposicionista Mohamad ElBaradei disse que o regime de Mursi perde legitimidade diariamente
Líder oposicionista Mohamad ElBaradei disse que o regime de Mursi perde legitimidade diariamente
Foto: AP

Nesta quarta, confrontos violentos eclodiram em frente ao palácio presidencial no Cairo entre partidários de Mursi, convocados a se manifestar pela Irmandade Muçulmana, e manifestantes opositores. Os rivais se lançaram coquetéis molotov, pedras, garrafas e chegaram a brigar corpo a corpo. A tensão entre as distintas forças egípcias aumentou desde que Mursi blindou seus poderes perante a Justiça há duas semanas e convocou recentemente um referendo sobre a nova Constituição para o próximo dia 15.

"Estamos abertos ao diálogo", mas somente se o presidente retirar o decreto que dá a ele poderes excepcionais, anunciou ElBaradei. "Não participaremos de nenhum diálogo se não for anulada a declaração constitucional", insistiu, classificando o regime de Mursi de "repressivo e autocrático". "A revolução não foi feita para isso, foi feita por princípios, pela liberdade e pela democracia", disse, referindo-se à revolta popular que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011.

"O presidente Mursi tem que ouvir o povo, que tem uma voz clara e forte. Não há legitimidade na exclusão da maioria do povo, não há legitimidade no fato de deixar um grupo dominar o povo egípcio", falou em relação aos Irmãos Muçulmanos, de onde vem Mursi. "Isto poderia acarretar em violência ou coisa pior", completou.

Governistas recuam

O primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, pediu a "todos os manifestantes" em torno do palácio presidencial do Cairo que abandonem a área imediatamente para facilitar o retorno à normalidade. Em declaração institucional, Qandil reivindicou a volta à tranquilidade "para dar a oportunidade aos esforços que estão sendo realizados, para começar um diálogo nacional e sair da crise política atual". O chefe de governo explicou que as forças de segurança estabeleceram barreiras de separação entre os dois grupos de manifestantes para pôr fim à violência.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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