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Oriente Médio

Lei que permite o aborto entra em vigor no Uruguai

3 dez 2012 - 13h10
(atualizado às 15h33)
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As mulheres uruguaias e as estrangeiras com mais de um ano de residência no país podem, a partir desta segunda-feira, submeter-se a um aborto, de acordo com a Lei de Interrupção Voluntária de Gravidez, aprovada recentemente, informaram fontes oficiais. A lei recebeu sinal verde do Parlamento em outubro e, nesta segunda-feira, completa o prazo legal de dez dias desde que foi divulgada sua regulamentação por parte das autoridades do Ministério da Saúde Pública (MSP) para que entre em vigor.

Um grupo de 20 mulheres uruguaias se manifestou na frente do Parlamento uruguaio, algumas delas completamente nuas e com seu corpo coberto apenas com uma pintura laranja, em protesto pelas deficiências do projeto debatido nesta terça-feira por legisladores que busca descriminalizar o aborto
Um grupo de 20 mulheres uruguaias se manifestou na frente do Parlamento uruguaio, algumas delas completamente nuas e com seu corpo coberto apenas com uma pintura laranja, em protesto pelas deficiências do projeto debatido nesta terça-feira por legisladores que busca descriminalizar o aborto
Foto: AFP

A nova lei não legaliza tecnicamente o aborto, mas despenaliza antes das 12 semanas se forem seguidos os procedimentos regulados pelo Estado. As mulheres poderão solicitar um aborto em qualquer centro sanitário público ou privado, que a partir de hoje "são obrigados a realizar a intervenção e garantir que o procedimento seja feito por terceiros em casos de objeção de ideário", destacou à Rádio Carve Leticia Rieppi, diretora de Saúde Sexual e Reprodutiva do Ministério de Saúde Pública.

A princípio, dois centros médicos vinculados à Igreja Católica anunciaram que recorreriam a essa objeção de ideário, mas "até agora nenhuma instituição se apresentou para cumprir com esse trâmite", acrescentou Rieppi. As autoridades sanitárias uruguaias publicaram um manual e um guia de procedimentos que as mulheres, os hospitais, as clínicas e os médicos deverão seguir para praticar os abortos.

As mulheres poderão solicitar a interrupção voluntária da gravidez até as 12 semanas de gestação, período que é ampliado a 14 semanas em casos de violação. Em casos de má-formação de fetos ou risco de vida para mãe, esse período não tem restrições.

Previamente, as pacientes deverão passar por uma comissão formada por um ginecologista, um psicólogo e um assistente social que darão assessoria sobre os riscos de praticar um aborto e inclusive sobre a possibilidade de continuar com a gravidez e dar a criação para adoção. Posteriormente, a paciente terá cinco dias para refletir e depois ratificar sua vontade de praticar ou não o aborto", que seguirá os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acrescentou Rieppi.

Apesar da lei só ter sido regulamentada agora, no Uruguai, a cada ano, são realizados mais de 30 mil abortos, segundo números oficias, embora a realidade poderia dobrar esse número, segundo algumas ONGs. De acordo com uma enquete divulgada no mês de setembro, 52% dos uruguaios é a favor da descriminalização do aborto, 34% contra e 14% não tem posição tomada ou prefere não falar.

No sábado, várias organizações sociais e grupos políticos lançaram uma campanha de coleta de assinaturas para pedir um referendo que derrogue a nova lei. O ex-presidente uruguaio Tabaré Vázquez anunciou que participará dessa coleta de assinatura, após já ter vetado uma lei similar em 2008 quando era governante.

EFE   
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