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Ásia

Pele de píton: uma viagem da Ásia às lojas na Europa

2 dez 2012 - 10h01
(atualizado às 10h49)
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Bangcoc (Tailândia) Mais de 60% das peles de serpentes píton que são comercializadas a cada ano (meio milhão) terminam no mercado de moda europeu, um negócio que movimenta milhões de dólares e que ameaça a sobrevivência da espécie.

A Indonésia, com 43% do total, e a Malásia, com 40%, são os principais países exportadores desta espécie, entre os quais também estão Vietnã e Laos, diz um relatório divulgado pela Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas (CITES).

Cingapura tem um papel fundamental neste comércio como centro principal de redistribuição de couro de pítons curtidos até os fabricantes, localizados principalmente em Itália, Espanha, França, Suíça e Alemanha, para a criação de peças de vestuário, bolsas e cintos de design.

Marcas famosas no mundo da moda como Prada, Louis Vuitton, Gucci, Chanel, Dior e Burberry utilizam habitualmente a pele de píton para suas criações, segundo o relatório.

Enquanto na Indonésia é possível obter a pele de uma serpente por US$ 30, o produto final em uma loja europeia pode chegar a US$ 15 mil.

A Cites denuncia as brechas judiciais das legislações locais, as práticas furtivas e a crueldade extrema de um comércio que classifica como "insustentável".

"O relatório mostra a persistência de métodos ilegais no comércio de pele de pítons pode chegar a ameaçar a sobrevivência da espécie", ressalta Alexandra Kasterina, pesquisadora da Cites.

Nas cargas com destino à fabricação, em muitas ocasiões são misturadas as peles de pítons criadas em cativeiro com as de espécies capturadas antes de chegar à etapa reprodutiva, de acordo com a entidade internacional.

No entanto, a pouca regulação em nível global deste lucrativo comércio, que movimenta mais de US$ 1 bilhão anualmente, faz com que seja extremamente difícil estabelecer a origem real das peças.

Além disso, a associação denuncia que a cota para exportações de peles impostas pelos governos locais costuma ser ultrapassada habitualmente.

As organizações protetoras de animais, como a "Traffic", que também participa do relatório em questão, alertam sobre a extrema crueldade utilizada para matar as serpentes, seja cortando a cabeça, como na Indonésia e na Malásia, ou inflando os animais com ar comprimido, uma prática habitual no Vietnã por motivos religiosos.

Com o objetivo de buscar soluções, a Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas propôs endurecer as leis contra caçadores furtivos e estabelecer um sistema que permita o rastreamento de cada pele de píton até a fonte original. EFE

nc/ff/id

EFE   
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