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Oriente Médio

EUA e Israel nunca estiveram tão sós, diz Emir Sader

3 dez 2012 - 09h15
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Felipe Schroeder Franke
Direto de Porto Alegre

O reconhecimento da Palestina como Estado não-membro observador das Nações Unidas (ONU) marca um novo estágio do isolamento geopolítico de Estados Unidos, avalia o sociólogo brasileiro Emir Sader. Para ele, a elevação de status aprovada na Assembleia Geral da ONU "quebra o restante que havia de alianças norte-americanas com grandes potências do mundo, a solidariedade dela com os Estados Unidos e sua aliança estratégica com Israel".

 A embaixadora dos Estados Unidos, Susan Rice, durante a votação que elevou o status da Palestina na ONU
A embaixadora dos Estados Unidos, Susan Rice, durante a votação que elevou o status da Palestina na ONU
Foto: AFP

Na noite de quinta-feira, 138 nações votaram a favor da reivindicação palestina - entre os quais diversas nações europeias, como França e Noruega. Somente nove foram contra, enquanto que 41 se abstiveram. "Isso leva a uma situação nova dos Estados Unidos - eles tinham minoria, mas não tinham solidão em termos de alianças que agora passaram a ter", disse Sader em entrevista concedida ao Terra durante o Fórum Social Palestina Livre, realizado em Porto Alegre na última semana.

No início do ano que vem, Israel passa por eleições. Nelas, irá se observar os efeitos da mudança do status da Palestina e também as repercussões da recente série de agressões entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza. Questionado sobre sua expectativa para o pleito Sader lamenta a predominância do que considera ser uma política agressiva de Tel Aviv. "Hoje não existe partido que prefigure diferenças com essa posição extremista de Israel. É importante que existisse um interlocutor interno minimamente pacifista para quebrar esse ímpeto tão brutalmente agressivo de Israel."

Uma das ideias defendidas no Fórum é a revisão dos contratos comerciais com Israel em virtude da situação ilegal mantida nos assentamentos na Palestina. Segundo ativistas, a suspensão de tratados ou ainda o boicote ao comércio com os israelense exerceria um novo tipo de pressão que isolaria ainda mais Tel Aviv.

Para Sader, o Brasil e o Mercosul têm papel a jogar neste sentido. "Nós estamos muito atrasados. O Mercosul, de maneira totalmente arbitrária, assinou um tratado de livre comércio com Israel que significa privilégio de intercâmbio econômico. Tem comprado e vendido até armamentos", diz, em referência ao acordo assinado em 2010. Ele acredita que a suspensão do tratado se torna mais possível com a entrada da Venezuela ao bloco e com as possíveis adesões de Bolívia e Equador.

Fonte: Terra
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