Cabeleireiros malaios protestam contra proibição de barbearias unissex
A Associação de Cabeleireiros da Malásia criticou a decisão do Governo do estado de Kelantan de proibir as barbearias e salões de beleza unissex para evitar o tratamento de homens e mulheres, informou nesta segunda-feira a imprensa do país.
O presidente da associação, Billy Lim, disse que buscarão assessoria legal e solicitaram que a proibição seja revista, que se baseia na aplicação da sharia ou lei islâmica por parte do governante Partido Pan-Islâmico (PAS).
"Precisamos expressar nossas opiniões e sentimentos. Não podemos desafiá-los porque são o Governo. Mas se querem demonstrar que são um bom Governo, deveriam considerar nossos sentimentos e forma de vida", afirmou Lim.
A sharia rege há anos em Kelantan, no nordeste do país, mas se trata da primeira vez que decidem aplicar a separação dos sexos nas barbearias.
O presidente do comitê local de Cultura, Takiyuddin Hassan, disse que a medida é legal, já que se adapta às leis, e acrescentou que servirá para acabar com os abusos sexuais e a prostituição nas barbearias e salões de beleza.
"É um fato conhecido que os salões de beleza e os estabelecimentos unissex são os lugares mais convenientes para as atividades imorais. São lugares onde os homens e as mulheres se dedicam a atividades ilícitas", assinalou Hassan.
A polêmica apoia em que a sharia normalmente só afeta os muçulmanos, mas neste caso a maioria dos proprietários dos salões de beleza são malaios de origem chinesa.
Desde os anos 90, o PAS introduziu outras normativas de corte islâmico em Kelantan, como a proibição do consumo de álcool e o jogo em lugares públicos, além de multas para as muçulmanas que não usem véu islâmico nas repartições públicas.
Na Malásia convivem 60% de muçulmanos, quase 20% de budistas, 9% de cristãos, 6% de hindus, 2,6% professa uma mistura de confucionismo e taoísmo e o resto pratica religiões animistas.
Seu sistema legal se divide no secular, de corte ocidental e que se aplica a todos os cidadãos, e islâmico, que aplica a sharia aos muçulmanos.