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Cúpula Ibero-Americana completa 22 anos e abre reflexão para renovação

13 nov 2012 - 17h13
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As Cúpulas Ibero-americanas começaram há 22 anos, quando a América Latina atravessava uma grave crise de endividamento e enquanto Espanha e Portugal viviam um "boom" econômico e de confiança, justamente o contrário do que acontece agora, quando a comunidade planeja fazer uma reflexão para sua renovação.

A América Latina lidou com "o temporal da crise muito bem" e começa a ter "um grande peso no âmbito mundial", disse recentemente o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, ao considerar que Espanha e Portugal precisam do apoio de seus parceiros latino-americanos para superar a crise.

O panorama era totalmente diferente quando em julho de 1991 foi realizada em Guadalajara (México) a primeira Cúpula Ibero-Americana, com a participação do rei da Espanha e dos governantes dos 21 países ibero-americanos (atualmente 22, com Andorra), que representavam 525 milhões de pessoas. Hoje são mais de 600 milhões.

A atual crise econômica mundial começou em 2008, ano em que, na reunião de San Salvador, os líderes concordaram em juntar forças para superá-la.

Pouco se imaginava há 22 anos que Brasil, Argentina e México seriam potências emergentes e parceiros dos países desenvolvidos do G20, que concentra 90% do PIB mundial e 80% do comércio.

A 22ª Cúpula Ibero-Americana será realizada nos próximos dias 16 e 17 em Cádiz, no sul da Espanha, por ocasião do 200º aniversário da primeira Constituição espanhola, que tem o nome dessa cidade e inspirou as posteriores Cartas Magnas de países latino-americanos.

"Uma relação renovada no bicentenário da Constituição de Cádiz" é o tema central deste encontro, no qual está prevista a criação de um grupo de reflexão.

As Cúpulas Ibero-americanas nasceram com o espírito de unidade e o firme propósito de dar continuidade a um fórum onde todas as nações ligadas por uma herança cultural de mais de cinco séculos pudessem avançar em seus processos políticos, econômicos e sociais.

Promover os processos de negociação em conflitos regionais e a criação de um Fundo Ibero-americano para o desenvolvimento dos povos indígenas foram alguns dos acordos da primeira reunião, e desde então se multiplicaram os projetos de cooperação.

A 2ª edição da cúpula aconteceu em Madri em 1992, ano no qual foi comemorado o quinto centenário do descobrimento da América e reinava o otimismo devido ao fim da Guerra Fria, os acordos de paz em El Salvador e a assinatura do Tratado de Maastricht para a criação de um mercado único na União Europeia e uma união política e monetária.

Nessa reunião, foi definida uma integração e uma cooperação no âmbito econômico, e ficou constatado que as economias da Espanha e Portugal tiveram um índice de crescimento maior que o resto dos Estados da UE.

As Cúpulas Ibero-americanas foram testemunha da evolução, as conquistas, as preocupações e os problemas dos membros desta comunidade, de seus consensos e dissensões, de acesas discussões e reconciliações.

Uma das discussões que ganhou maior repercussão no mundo todo foi no final da Cúpula de Santiago do Chile, em 2007, quando o rei da Espanha disse "Por que não se calas?" se dirigindo ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a quem o então chefe do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, recriminou pelos duros ataques contra seu antecessor, José María Aznar. A foto oficial ficou de fora do encontro.

Cuba foi um tema quase sempre em debate. Na 5ª Cúpula, em Bariloche (Argentina), no ano de 1995, pela primeira vez os governantes ibero-americanos rejeitaram o embargo dos Estados Unidos contra Cuba, e um ano mais tarde, em Viña del Mar (Chile), defenderam em uma declaração o modelo democrático frente ao autoritarismo, em uma referência implícita ao regime cubano.

A detenção em Londres do ditador chileno Augusto Pinochet, por uma solicitação de extradição emitida pela Espanha por acusações de tortura e genocídio, dominou a Cúpula do Porto (Portugal), em 1998.

A seguinte reunião aconteceu em Havana, onde, além de definir a criação da Secretaria de Cooperação Ibero-Americana, com sede em Madri, os líderes se comprometeram a fortalecer o funcionamento das instituições democráticas e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

Após os atentados de setembro de 2001 nos EUA, na 11ª Cúpula de Lima, realizada dois meses depois, foi combinada a união de esforços contra o terrorismo e pedidas mudanças no sistema financeiro internacional para ajudar as nações menos desenvolvidas.

Em 2004, na Cúpula de San José, Zapatero, que propôs promover mecanismos inovadores para acabar com a dívida e transformá-la em investimento em educação, recebeu apoio dos aliados ibero-americanos para seu projeto de Aliança entre Civilizações.

No ano seguinte, em Salamanca (Espanha), os líderes expressaram apoio à ONU na prevenção de ameaças e na manutenção da paz. Andorra participou pela primera vez como membro de pleno direito.

Em 2009, Enrique Iglesias foi reeleito como chefe da Secretaria-Geral Ibero-Americana por mais quatro anos.

A crise política de Honduras dominou a 19ª Cúpula, que aconteceu em Estoril (Portugal), e na última reunião, em Assunção, estiveram ausentes 11 chefes de Estado ou Governo. EFE

doc/id

EFE   
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