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Estados Unidos

Nova-iorquinos 'rebeldes' insistem em desafiar o furacão Sandy

29 out 2012 - 16h13
(atualizado às 17h31)
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Apesar do anúncio da aproximação de uma das piores tempestades do século na costa leste dos Estados Unidos, Blair e Candace, dois nova-iorquinos que moram próximo ao Battery Park City, decidiram ignorar a ordem de evacuação da Prefeitura de Nova York e esperam tranquilos a passagem do furacão Sandy.

Com os arranha-céus de Manhattan ao fundo, os nova-iorquinos Peter Cusack e Mel Bermudez caminham no Brooklin
Com os arranha-céus de Manhattan ao fundo, os nova-iorquinos Peter Cusack e Mel Bermudez caminham no Brooklin
Foto: AP

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As autoridades ordenaram no domingo a evacuação preventiva de 375.000 pessoas que vivem nas zonas costeiras de Manhattan, Brooklyn, Queens e Staten Island, mas muitas delas não deram atenção ao chamado, como aconteceu no ano passado, quando a tempestade tropical Irene chegou à cidade.

"No ano passado, eu saí da cidade. Fui para o norte da cidade e tive um bom jantar com muito vinho. Este ano, simplesmente resolvi ficar", explica Candace Ruland, uma nova-iorquina de 67 anos, que saiu na manhã desta segunda-feira para tirar algumas fotos dos primeiros efeitos de Sandy sobre Nova York.

"Acho que vamos ficar. O prédio resiste a ventos de mais de 200 km/h", acrescenta, com otimismo Ruland, moradora há cinco anos em um bairro a sudoeste de Manhattan, onde vivem 10 mil pessoas.

Blair Fensterstock, de 62 anos e sócio de uma firma de advogados, também descreve as qualidades do espigão em que mora. "Este edifício é um pouco diferente dos outros porque temos um gerador. Então não vamos ficar sem elevador ou luz", afirma.

No prédio de Candace e Blair, com 110 apartamentos e 60 moradores permanentes, 25 continuavam em casa, segundo Fensterstock.Apesar de sua "rebeldia", os dois vizinhos aprovam a ordem do prefeito Michael Bloomberg de esvaziar as áreas de Nova York que ficariam inundadas pela passagem de Sandy.

"O prefeito não tem opção. Está fazendo o que é certo. Precisa tomar precauções", afirmou Fensterstock. Apesar de Bloomberg ter dito que quem não sair da cidade coloca em risco as vidas dos habitantes da cidade e as dos socorristas, a polícia esteve no prédio e em momento algum os vizinhos foram intimados a cumprir a ordem da prefeitura.

"A polícia esteve ontem aqui, vigiando a porta do edifício. Saí para passear com o cachorro e falei com eles. Não houve pressão, de forma alguma", repetiu Fensterstock. Na zona vizinha do Battery Park, de onde sai o ferry que vai para a Estátua da Liberdade, o panorama é desolador e apenas os jornalistas realizam a cobertura do mau tempo.

Poucos moradores passeiam com seus cachorros. Um deles admite que mora na zona de evacuação obrigatória, mas se nega a falar de sua decisão de permanecer no local. Já Connie Anderson, de 30 anos, conta que não quis sair do litoral, como fez no ano passado.

"No ano passado não aconteceu nada. Tenho provisões suficientes em caso de emergência", explica. "Minha única preocupação é o elevador. Mas posso sobreviver, já que moro no 15º andar", acrescenta.

Se as ruas do sul Manhattan estavam desertas e a maioria dos edifícios, abandonados, os porteiros dos grandes edifícios estavam em seus postos de trabalho, como George Thomas, que chegou de carro vindo de Staten Island (sul). "Normalmente pego o ônibus, mas o transporte foi cancelado, por isso usei o carro", afirma o porteiro de 55 anos, encarregado de um prédio comercial.

"Não há atividade hoje no prédio. Só temos equipes de engenheiros e de segurança", explica. O movimento dos nova-iorquinos rebeldes não se limita apenas a Manhattan e a quem vive em torres luxuosas. O taxista Rada Ali, de 36 anos e morador de Bay Ridge (Brooklyn, sudeste), também se nega a deixar sua casa.

"Vivo a duas ruas do mar. Acho que não vai ser muito ruim. Ninguém na minha rua foi embora.", disse. "A vida segue como em todos os dias lá, as lojas e os restaurantes estão abrindo normalmente", conclui.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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