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Mundo

Líbia vive impasse um ano depois da morte de Muammar Kadafi

20 out 2012 - 10h30
(atualizado às 11h01)
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Um ano depois da morte do ditador Muammar Kadafi e do anúncio da libertação da Líbia, o país ainda está no ponto morto político, econômico e de segurança, e a transição está praticamente bloqueada. A constatação foi feita sem a menor complacência e nos termos mais amargos pelo personagem principal desta transição, o presidente do Parlamento líbio, Mohamed Yousef el Magariaf.

Líbio investiga consulado americano em Benghazi em imagem de meados de setembro
Líbio investiga consulado americano em Benghazi em imagem de meados de setembro
Foto: AP

Em um discurso ontem à noite na televisão local, o presidente da Assembleia Nacional do Congresso empregou as palavras "atraso", "insatisfação", "caos", "desordem" e até mesmo "corrupção" para descrever a situação que vive seu país. Magariaf apontava como grande desafio sobretudo a segurança do país, ressaltando que a ausência de um Exército e da polícia e a falta de controle de armas é uma "negligência".

No país há ainda milícias fortemente armadas que, embora as autoridades digam que estão filiadas às forças regulares, continuam impondo sua lei em muitos lugares. A insegurança reina em várias cidades e os assassinatos são frequentes especialmente em Benghazi, bastião da rebelião.

Um dos piores episódios foi o atentado do último dia 11 de setembro contra a embaixada dos Estados Unidos em Benghazi, no qual morreu o embaixador, Christopher Steven, e outros três funcionários americanos. Outra pedra na roda da estabilidade e da preservação da segurança da Líbia é Bani Walid, último bastião do antigo regime, ainda refúgio de centenas de partidários de Kadafi.

Esta cidade, situada ao sudeste da capital, totalmente fora do controle das novas autoridades, está sitiada há quase duas semanas. Violentos enfrentamentos aconteceram nos últimos dias, com o saldo de vários mortos e feridos.

No plano político, as dificuldades são maiores, e a paralisia da administração pública tem um impacto negativo na vida cotidiana da população. Se deseja obter a confiança do Parlamento, o novo primeiro-ministro, Ali Zidan, necessitará conseguir um equilíbrio perfeito entre as diferentes forças e regiões.

O mesmo sentimento de decepção é formulado por Mohammed Zin el Abidin, membro do antigo Conselho Nacional de Transição (CNT), braço político da rebelião durante a revolução, que criticou a situação em seu país e defendeu a aplicação de um "governo forte" para pôr a Líbia em andamento.

Al Berasi Mohammed Aisa, um líder da rebelião na cidade de Benghazi, acredita que a segurança e a paz que tanto desejam os líbios estão distantes. "Os líbios querem uma vida digna e livre, a democracia e um Estado moderno com instituições fortes, mas infelizmente um grupo de oportunistas se opõe aos objetivos de nossa nobre revolução", lamentou.

Por sua vez, a professora Mehasen Bashir questionou a ausência de uma festa para celebrar o primeiro aniversário da libertação da Líbia da ditadura anterior e comentou que seus compatriotas ainda estão esperando para desfrutar os frutos dos sacrifícios que fizeram durante a revolução.

EFE   
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