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Oriente Médio

Parlamento israelense abre corrida eleitoral; Netanyahu é favorito

16 out 2012 - 11h57
(atualizado às 12h05)
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A aprovação parlamentar das eleições antecipadas em Israel abriu nesta terça-feira uma corrida pelo poder de três meses na qual o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido Likud, parte como favorito, embora ainda não possa dar a disputa como vencida devido ao complexo sistema político do país.

A Knesset (Parlamento) deu sinal verde na madrugada de hoje, como se esperava, a sua dissolução e à antecipação das eleições para 22 de janeiro, após um discurso que Netanyahu transformou no primeiro de sua campanha, ao se apresentar como o garantidor da "segurança e do bem-estar social" e ao pedir apoio para um terceiro mandato, após um nos ano 90 e o atual.

O chefe do Executivo israelense justificou sua decisão de antecipar as eleições pela falta de um acordo em relação ao orçamento para 2013, mas não são poucos os analistas e políticos que advertem que Netanyahu esperou o melhor momento, no qual conta com grande prestígio, segundo as pesquisas.

Sua popularidade foi reforçada após seu discurso contra o programa nuclear iraniano na Assembleia Geral da ONU no mês passado, apesar de sua controvertida alta de impostos e outras medidas para atenuar os efeitos da crise econômica mundial.

Talvez por essa razão e sabedor de que o trunfo da segurança sempre é bem amparado pelo eleitorado, Netanyahu espera vencer as eleições e ganhar um voto de confiança para a possibilidade de realizar uma ação militar contra o Irã.

As pesquisas dos últimos dias apontam para um triunfo de Netanyahu e do bloco de centro-direita, muito parecido com a atual configuração da coalizão de governo, chegando inclusive a conseguir 65 dos 120 deputados da Knesset.

Mas o premier israelense ainda não pode dar a batalha como vencida pois o sistema parlamentar israelense, marcado por um fragmentado cenário político que obriga o estabelecimento de coalizões e no qual sempre surgem partidos novos a cada eleição, já apresentou surpresas no passado. Uma prova do complexo sistema político israelense é o fato de muitos governo não conseguirem completar até o fim o seu mandato.

As diferenças dos programas dos blocos de direita ou esquerda historicamente giraram em torno das concessões territoriais que os israelenses estariam dispostos a fazer aos palestinos.

Os grupos de direita são contra as concessões, enquanto a esquerda defende a negociação para se chegar a um acordo de paz e até a retirada unilateral de territórios ocupados.

Mas o crescimento dos setores ultra-ortodoxos judaicos, que tem bastante influência no governo, somado ao descontentamento com as profundas divergências entre os blocos, deu lugar ao crescimento do centro.

As pesquisas dão ao recém-criado partido de centro Yesh Atid, do jornalista Yair Lapid, entre 17 e 19 cadeiras, o que o transformaria numa força de peso no Parlamento.

Além disso, o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert, que foi inocentado das acusações mais graves de corrupção contra ele nos tribunais, e sua antiga ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, poderiam integrar outra formação centrista que tiraria votos do Kadima, do ex-chefe do Exército Shaul Mofaz, que está em queda nas pesquisas.

Existem enormes pressões para que os grupos de centro formem uma plataforma única, que poderia contar com o apoio do esquerdista Partido Trabalhista, legenda que vem crescendo em popularidade devido ao prestígio da jornalista Shelly Yajimovich. Já Ehud Barak, ex-líder desta formação, criou o Atzmaut, que não alcançaria votos suficientes para entrar no Parlamento.

Netanyahu também enfrenta rivais na direita, como Avigdor Lieberman, do Yisrael Beiteinu, e uma figura controvertida mas popular entre os ultra-ortodoxos judeus sefarditas, Arieh Deri, que poderia retornar à política após ser preso por corrupção.

Por último, a disputa entre seculares e fundamentalistas judeus e a participação de líderes do protesto social em novos ou velhos partidos poderiam desequilibrar as possíveis alianças de Netanyahu.

EFE   
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