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Estados Unidos

Ataque-suicida por filme de Maomé mata ao menos 12 em Cabul

18 set 2012 - 00h09
(atualizado às 16h22)
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Um ataque que matou pelo menos 12 pessoas nesta terça-feira em Cabul e reivindicado por rebeldes afegãos foi a resposta mais violenta contra o filme anti-islã, cujos produtores foram acusados de incitamento ao ódio no Egito.

A ação foi reivindicada pelo Hezb-i-Islami - o segundo principal grupo rebelde afegão depois dos Talibãs
A ação foi reivindicada pelo Hezb-i-Islami - o segundo principal grupo rebelde afegão depois dos Talibãs
Foto: Reuters
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O grupo Hezb-e-Islami, a segunda maior formação de insurgentes afegãos atrás do talibã, reivindicou a responsabilidade pelo ataque suicida em um micro-ônibus em uma estrada para o aeroporto de Cabul, que matou oito sul-africanos, um quirguiz e três afegãos.

O Hezb-e-Islami alega ter praticado o ataque em resposta ao filme de baixo orçamento produzido nos Estados Unidos, "A inocência dos muçulmanos", que apresenta o profeta Maomé como um bandido com práticas desviantes.

O Procurador-Geral do Egito se comprometeu nesta terça-feira a processar sete coptas egípcios que vivem nos Estados Unidos e que são suspeitos de envolvimento na produção e distribuição do filme anti-Islã, que provocou uma onda de violência, com um registro de 31 mortos na última semana no mundo muçulmano.

Os sete homens - Morris Sadek, Nabil Bissada, Esmat Zaklama, Elia Bassily, Ihab Yaacoub, Jack Atallah e Adel Riad- são acusados de "insultar o Islã, insultar o profeta (Maomé) e incitar o ódio religioso", segundo um comunicado da Procuradoria-Geral, que ainda não definiu uma data para o julgamento.

A família de Nakula Basseley Nakula, o produtor do filme, foi retirada na segunda-feira do subúrbio de Los Angeles pela polícia para ser levada a um local desconhecido para encontrá-lo.

Um ímã salafista egípcio também lançou uma fatwa, pedindo a morte de todos os protagonistas do filme, de acordo com o centro americano de monitoramento de sites islâmicos SITE.

Manifestações no Cairo contra o filme divulgado na internet abafaram as discussões sobre a redução da dívida egípcia com os Estados Unidos para um bilhão de dólares, considerou o Washington Post.

Essas discussões são destinadas a prestar uma assistência econômica fundamental ao novo governo egípcio, controlado pela Irmandade Muçulmana e que enfrenta enormes desafios econômicos após a revolta de 2011, que pôs fim ao reinado do presidente Hosni Mubarak.

Mas, de acordo com membros do governo americano citados pela imprensa dos Estados Unidos, o Egito não deve esperar para receber uma ajuda substancial - pelo menos não antes da eleição presidencial de 6 de novembro.

Filme anti-islamismo desencadeia protestos contra EUA

Na última terça-feira, 11 de setembro, protestos irromperam em frente às embaixadas americanas do Cairo, no Egito, e de Benghazi, na Líbia, motivados por um vídeo que zombava do islamismo e de Maomé, o profeta muçulmano. No primeiro caso, os manifestantes destroçaram a bandeira estadunidense; no segundo, os ataques chegaram ao interior da embaixada, durante os quais morreram, entre outros, o embaixador e representante de Washington, Cristopher Stevens.

Os protestos se disseminaram-se contra embaixadas americanas em diversos países da África e do Oriente Médio. Sexta, 14 de setembro, registrou o ápice da tensão, quando eventos foram registrados em Túnis (Tunísia), Cartum (Sudão), Jerusalém (Israel), Amã (Jordânia)e Sanaa (Iêmen). No Cairo, as manifestações têm sido quase diárias. No dia 17, Afeganistão e Indonésia também tiveram protestos.

O vídeo que desencadeou esta onda de protestos no mesmo dia em que os Estados Unidos relembravam os atentados terroristas de 2001 traz trechos de Innocence of Muslims, filme produzido nos Estados Unidos sob a suposta direção de Nakoula Basseky Nakoula. Ele seria um cristão copta egípcio residente nos Estados Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O filme, de qualidades intelectual e cultural amplamente questionáveis, zomba abertamente do Islã e denigre de a imagem de Maomé, principal nome da tradição muçulmana.

A Casa Branca lamentou o conteúdo do material, afirmou não ter nenhuma relação com suas premissas e ordenou o reforço das embaixadas americanas. No dia 15 de setembro, a Al-Qaeda emitiu um comunicado no qual afirmava que a ação em Benghazi foi uma vingança pela morte do número 2 da rede terrorista no Iêmen em um ataque do Exército.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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