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Estados Unidos

Ataque no Afeganistão foi vingança por filme anti-Islã, diz Talibã

15 set 2012 - 10h56
(atualizado às 11h30)
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O movimento Talibã, do Afeganistão, assumiu a responsabilidade neste sábado por um ataque contra uma base militar, alegando que foi uma resposta a um filme que insulta o profeta Maomé. Segundo autoridades dos EUA, dois fuzileiros navais norte-americanos morreram nesse ataque.

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A base de Camp Bastion, na província sulista de Helmand, foi alvo de ataque com morteiros, granadas propelidas por foguetes e armas de fogo de pequeno porte na noite de sexta-feira, numa ofensiva que deixou vários militares feridos. "O objetivo desse ataque era uma vingança contra os norte-americanos pelo filme contra o profeta", disse um porta-voz do Talibã, Qari Yousuf.

O presidente dos EUA, Barack Obama, prometeu agir com "firmeza" contra a violência que se espalhou desde que um filme amador de origem obscura desencadeou um ataque contra o consulado norte-americano na cidade líbia de Benghazi, durante o qual foram mortos o embaixador e outros três norte-americanos, em 11 de setembro, no décimo primeiro aniversário dos atentados da Al-Qaeda nos EUA. O príncipe britânico Harry estava em Camp Bastion no momento do ataque de sexta-feira, mas não ficou ferido.

No começo da semana, o Talibã afegão anunciou que faria de tudo em seu poder para matar ou sequestrar o neto da rainha Elizabeth II, no que definiram como "Operações Harry". "O príncipe Harry nunca correu nenhum risco", disse um porta-voz da Força de Assistência para a Segurança, liderada pela Otan, Martyn Crighton, acrescentando que seria investigado se a presença dele na base teria motivado o ataque.

A emissora britânica Sky News afirmou ter ouvido de um comandante do Talibã que o príncipe era o alvo principal do ataque. Mas a correspondente da Sky em Cabul disse ter checado o assunto com um porta-voz do Talibã, que confirmou que o ataque contra a base fora na realidade uma vingança pelo filme anti-islâmico, mas que Bastion foi escolhida porque Harry se encontrava lá.

"Depois de dizerem que o ataque foi planejado como reação ao vídeo contra o Islã, é inteiramente previsível que o Talibã tenha mudado seu tom para afirmar que o alvo era o capitão Gales", disse uma fonte da defesa britânica neste sábado, referindo-se a Harry.

A Força liderada pela Otan não confirmou a nacionalidade dos dois mortos no ataque à base. Segundo um porta-voz do governo de Helmand, foram encontrados 17 corpos e acredita-se que todos fossem insurgentes mortos durante o combate. Num outro ataque na província de Helmand, na sexta-feira, foi morto um soldado britânico, segundo o Ministério da defesa.

Filme anti-islamismo desencadeia protestos contra EUA

Na última terça-feira, 11 de setembro, protestos irromperam em frente às embaixadas americanas do Cairo, no Egito, e de Benghazi, na Líbia, motivados por um vídeo que zombava do islamismo e de Maomé, o profeta muçulmano. No primeiro caso, os manifestantes destroçaram a bandeira estadunidense; no segundo, os ataques chegaram ao interior da embaixada, durante os quais morreram, entre outros, o embaixador e representante de Washington, Cristopher Stevens.

Desde então, protestos e confrontos, que vêm sendo registrados diariamente no Cairo, disseminaram-se contra embaixadas americanas em diversos países da África e do Oriente Médio. Nesta sexta, 14 de setembro, já haviam sido registrados eventos em Túnis (Tunísia), Cartum (Sudão), Jerusalém (Israel), Amã (Jordânia)e Sanaa (Iêmen). Há fotos e relatos de protestos também na Índia e em Bangladesh. Somados, estes episódios já deixam algumas dezenas de mortos e feridos entre manifestantes, diplomatas e forças de segurança.

O vídeo que desencadeou esta onda de protestos no mesmo dia em que os Estados Unidos relembravam os atentados terroristas de 2001 traz trechos de Innocence of Muslims (A Inocência dos muçulmanos, em tradução livre), filme produzido nos Estados Unidos sob a suposta direção de Nakoula Basseky Nakoula. Ele seria um cristão copta egípcio residente nos Estados Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O filme, de qualidades intelectual e cultural amplamente questionáveis, zomba abertamente do Islã e denigre de a imagem de Maomé, principal nome da tradição muçulmana.

A Casa Branca lamentou o conteúdo do material, afirmou não ter nenhuma relação com suas premissas e ordenou o reforço das embaixadas americanas.

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