PUBLICIDADE

Oriente Médio

Síria: nº de mortos é assombroso, diz novo enviado da ONU

5 set 2012 - 12h24
(atualizado às 15h09)
Compartilhar

O novo mediador da ONU e da Liga Árabe na Síria, Lakhdar Brahimi, denunciou o "assombroso" número de vítimas no conflito entre rebeldes e as forças do regime do Bashar al-Assad, onde prosseguiam os bombardeios em Aleppo. A crise vai completar 18 meses no dia 15 de setembro, sem nenhuma perspectiva de solução, com um regime decidido a esmagar a rebelião, insurgentes que exigem a saída de Assad, além das divisões internacionais entre Rússia e China de um lado e as potências ocidentais, árabes e Turquia do outro.

Lakhdar Brahimi deixa o púlpito após pronunciar seu primeiro discurso na ONU como enviado especial para a Síria
Lakhdar Brahimi deixa o púlpito após pronunciar seu primeiro discurso na ONU como enviado especial para a Síria
Foto: AFP

"O balanço de perdas humanas é assombroso, as destruições alcançam proporções catastróficas e o sofrimento da população é imenso", disse Brahimi em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU desde o início oficial de sua missão, no sábado. "A situação não para de piorar", completou, antes de considerar "indispensável" o "apoio da comunidade internacional", com a condição de "que todos os esforços sigam no mesmo sentido".

"O futuro da Síria será determinado por seu povo e por ninguém mais", destacou Brahimi, que não citou a saída de Assad desde que foi nomeado como mediador da ONU e da Liga Árabe para substituir Kofi Annan. Brahimi anunciou visitas nos próximos dias ao Cairo e Damasco para sondar a Liga Árabe e as autoridades sírias sobre suas intenções e estabelecer as bases da missão.

O presidente egípcio, Mohamed Mursi, defendeu nesta quarta-feira uma mudança de regime em Damasco e o primeiro-ministro turco, Recep Tayip Erdogan, acusou o país de ter virado um "Estado terrorista", mas a China rejeitou qualquer pressão sobre o regime, apesar de ter manifestado simpatia a uma "transição política".

Violência sem trégua
Apesar dos discursos, a violência não dá trégua no país. Nesta quarta-feira, pelo menos 34 pessoas, entre elas 28 civis e seis rebeldes, morreram nos combates e bombardeios, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que recebe os dados de uma ampla rede de militantes.

Em Aleppo, segunda maior cidade do país e ponto estratégico na região norte, 19 pessoas, incluindo sete crianças, morreram nos bombardeios contra os bairros rebeldes, segundo o OSDH. Os insurgentes resistem aos avanços do Exército, que deseja tomar o controle da cidade e cerca vários bairros, nos quais a população sofre com a falta de material de primeira necessidade.

Na região leste, o aeroporto militar da cidade de Bukamal foi cenário de duros combates. Os rebeldes perderam seis homens, mas controlam grandes partes da localidade, segundo o OSDH. A violência também afetou Idleb (noroeste), Homs (centro), Deraa e bairros de Damasco e de sua província, segundo os militantes.

"Bashar tem as mãos cheias de sangue"
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou os países que entregam armas aos beligerantes e fez um pedido de solidariedade internacional para financiar a ajuda humanitária. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), mais de 100 mil sírios buscaram refúgio nos países vizinhos em agosto, "o maior número mensal desde o início do conflito" em março 2011.

No total, 235 mil sírios fugiram do país e 1,2 milhão foram deslocados no país de 22 milhões de habitantes. De acordo com o OSDH, mais de 26.000 pessoas morreram desde o início da revolta desencadeada por um protesto popular pacífico, que virou confronto militar em resposta à repressão do regime. A ONU cita 20.000 mortos. "Bashar tem as mãos cheias de sangue", afirmou em uma reunião de seu partido Erdogan, cujo país abriga mais de 80 mil refugiados sírios divididos em nove campos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade