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Mundo

Quênia registra distúrbios após assassinato de pregador islamita

28 ago 2012 - 10h50
(atualizado às 14h07)
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A cidade costeira queniana de Mombaça continuava sendo nesta terça-feira palco, pelo segundo dia consecutivo, de distúrbios após o assassinato na segunda-feira do pregador muçulmano radical Abud Rogo Mohamed, acusado de manter vínculos com os insurgentes islamitas somalis shebab.

Centenas de jovens, que saíram do bairro da mesquita no qual Rogo pregava, se dirigiram na manhã desta terça-feira para o centro do muito turístico porto de Mombaça, segunda cidade do Quênia, observou um jornalista da AFP.

Os manifestantes lançaram, segundo informações da Cruz Vermelha divulgadas no Twitter, uma granada contra um caminhão da polícia que patrulhava a cidade, e apedrejaram carros e lojas, o que forçou as forças antidistúrbios a utilizar bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los. "Os jovens lançam pedras por aí, mas nossos oficiais estão ali para controlar a situação", afirmou o chefe da polícia da região costeira, Aggrey Adoli, que ressaltou que dois policiais ficaram feridos, um deles gravemente.

Várias organizações muçulmanas consideraram que o assassinato de Rogo era uma nova execução extrajudicial de um funcionário muçulmano em Mombaça. O Centro queniano da Juventude Muçulmana (MYC), do qual Rogo era um dos chefes, considera as autoridades quenianas "responsáveis" pelo assassinato.

"Os muçulmanos devem agir, se levantar, unidos, diante do infiel, e tomar todas as medidas necessárias para proteger sua religião, sua honra, seus bens e suas vidas diante dos inimigos do islã", afirmaram os shebab, um movimento unido à Al-Qaeda.

O Quênia é um país majoritariamente cristão, com uma grande comunidade muçulmana ao longo de sua costa. Igrejas queimadas ou saqueadas Na segunda-feira, os distúrbios explodiram imediatamente após o assassinato de Rogo, morto a tiros quando se encontrava em seu veículo com sua família. Uma pessoa morreu nos episódios de violência e o principal hospital de Mombaça disse ter recebido 14 feridos. Cinco igrejas foram incendiadas ou saqueadas.

Líderes cristãos ameaçaram, por sua vez, processar o governo queniano se ele "não agir mais rápido para deter os episódios de violência". "Pedimos aos funcionários muçulmanos que se desculpem publicamente perante os cristãos, em particular pelo incêndio e pelos ataques contra lugares sagrados", declarou o vice-presidente do fórum de igrejas de Mombaça, Lawrence Dena.

O secretário-geral do Conselho Supremo dos muçulmanos do Quênia, Adan Wachu, condenou as destruições nas igrejas, ao afirmar à AFP que "nem a igreja, nem os cristãos, mataram Rogo". A polícia afirmou estar buscando os responsáveis pelo assassinato.

Rogo estava sancionado pela ONU e pelo Tesouro americano, que o acusavam de ameaçar "a paz, a segurança e a estabilidade da Somália ao entregar ajuda financeira, material, logística ou técnica aos shebab". Era acusado de ter recrutado "indivíduos em Mombaça (...) para enviá-los à Somália para, aparentemente, realizar atos terroristas".

"Em setembro de 2008, Rogo havia organizado uma reunião para levantar fundos em Mombaça para ajudar a financiar as atividades dos shebab", afirmaram em julho a ONU e o Tesouro americano em dois comunicados em termos idênticos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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