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Mundo

Condenação da banda Pussy Riot causa indignação internacional

18 ago 2012 - 13h42
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Líderes dentro e fora da Rússia consideraram excessiva a pena contra a banda punk Pussy Riot. Integrantes do grupo foram sentenciadas a dois anos de prisão por tribunal em Moscou em decorrência a ato de protesto contra Vladimir Putin.

A condenação da banda causou protestos no mundo inteiro e duras críticas à justiça russa e ao Kremlin. As três artistas foram sentenciadas a dois anos de prisão por um tribunal em Moscou.

A encarregada da União Europeia (UE) para assuntos de política externa, Catherine Ashton, classificou a sentença como "excessiva" e como uma nova tentativa de intimidar a oposição. Ela se disse "profundamente desapontada" e afirmou que a decisão coloca em dúvida a capacidade da Rússia de respeitar normas internacionais para processos judiciais independentes.

"Este caso se junta ao recente aumento acentuado de intimidações politicamente motivadas e da repressão de ativistas da oposição na Rússia", ressaltou Ashton, acrescentando que tal tendência preocupa cada vez mais a UE.

A Rússia declarou na sexta-feira Nadezhda Tolokonnikova, 22, Maria Alyokhina, 24, e Yekaterina Samutsevich, 30, integrantes da banda feminista, são culpadas por vandalismo e incitação ao ódio religioso.

As jovens foram condenadas devido a um protesto realizado em fevereiro numa igreja ortodoxa em Moscou, contra o então primeiro-ministro e candidato à presidência. As integrantes subiram no altar do templo religioso usando máscaras de esqui brilhantes e cantaram uma "oração punk", pedindo à Virgem Maria que livre a Rússia de Putin.

Merkel e EUA desaprovam sentença

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que a sentença era "desproporcionalmente dura" e que não está em conformidade com os valores europeus de democracia e do Estado de Direito aos quais a própria Rússia se comprometeu a respeitar como membro do Conselho da Europa. "Uma sociedade civil vibrante e cidadãos politicamente ativos são uma condição necessária e não uma ameaça para a modernização da Rússia", ressaltou.

O presidente dos EUA, Barack Obama, se mostrou alarmado. "Os Estados Unidos estão decepcionados com a sentença, incluindo as penas desproporcionais que foram impostas", disse um porta-voz da Casa Branca. O representante acrescentou que o governo americano tem "preocupações sérias sobre a maneira como estas jovens têm sido tratadas pelo sistema judicial russo".

Críticas na Rússia

Na Rússia, o assessor russo para direitos humanos, Vladimir Lukin, classificou a pena imposta como "injusta". "Acredito que esse grupo não cometeu nenhum crime, mas um delito grave", disse, acrescentando que não acha necessária uma sanção penal.

Mikhail Fedotov, diretor do Conselho Presidencial para os Direitos Humanos, espera que a pena seja abrandada. Em entrevista à agência RIA Novosti, ele afirmou considerar uma absolvição mais adequada ao caso.

O famoso blogueiro e ativista da oposição Alexei Nawalny, presente no tribunal durante o julgamento, descreveu a sentença como "acerto de contas político e destruição ostensiva da lei".

Já o partido de Putin, Rússia Unida, saudou a condenação da banda. Andrei Isayev, do Conselho Geral do partido, descreveu o veredicto como "dura, mas justa". O deputado Vladimir Burmatow escreveu no site oficial do partido que "a pena é branda demais".

Kasparov preso

O ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov pode ser condenado a até cinco anos de prisão, após ter sido detido em protesto contra a sentença à banda Pussy Riot. A Promotoria russa acusa Kasparov de morder um policial, conforme informações da agência de notícias Interfax. Kasparov, crítico do líder Putin, negou a acusação.

Nesta sexta-feira, a polícia prendeu temporariamente cerca de 100 pessoasque participavam de manifestações nas proximidades do tribunal onde as artistas foram julgadas.

A sentença contra a banda punk também provocou protestos fora da Rússia. Em Nova York, seis manifestantes foram presos por bloquear o trânsito e usar máscaras ato proibido pela lei local.

Nadezhda Tolokonnikova (esq.), Maria Alyokhina (centro) e Yekaterina Samutsevich acompanham o seu julgamento em tribunal de Moscou. Uma juíza condenou nesta sexta-feira o trio de integrantes da banda punk feminina Pussy Riot ao considerar que elas cometeram vandalismo motivado por ódio religioso e ofenderam fieis ao invadirem a catedral ortodoxa de Moscou para cantar uma "oração" contra o presidente do país, Vladmir Putin
Nadezhda Tolokonnikova (esq.), Maria Alyokhina (centro) e Yekaterina Samutsevich acompanham o seu julgamento em tribunal de Moscou. Uma juíza condenou nesta sexta-feira o trio de integrantes da banda punk feminina Pussy Riot ao considerar que elas cometeram vandalismo motivado por ódio religioso e ofenderam fieis ao invadirem a catedral ortodoxa de Moscou para cantar uma "oração" contra o presidente do país, Vladmir Putin
Foto: Reuters
Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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