Integrantes da Pussy Riot pegam 2 anos por canção contra Putin
17 ago2012 - 08h36
(atualizado às 10h59)
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Uma juíza russa considerou nesta sexta-feira culpadas três integrantes da banda punk feminina Pussy Riot. Ela disse que Nadezhda Tolokonnikova, 22 anos, Maria Alyokhina, 24 anos, e Yekaterina Samutsevich, 30 anos, cometeram vandalismo motivado por ódio religioso e ofenderam fiéis ao invadirem a catedral ortodoxa de Moscou para cantar uma "oração" contra o presidente do país, Vladmir Putin. Cada uma vai pegar dois anos de prisão.
A juíza Marina Syrova afirmou que as três jovens "planejaram cuidadosamente" o ato realizado em 21 de fevereiro na catedral de Cristo Salvador. Em sua decisão, Syrova repetiu em grande parte os argumentos da promotoria em suas alegações contra o trio. Além disso, indicou que as três acusadas "não expressaram arrependimento por seus atos, violaram a ordem pública e ofenderam os sentimentos dos crentes".
Antes do anúncio da decisão, vários manifestantes foram presos nesta sexta-feira em frente ao tribunal de Moscou em que elas estavam sendo julgadas. Os presos, entre eles o coordenador da opositora Frente de Esquerda, Sergei Udaltsov, exigiam a libertação do trio de garotas. O código penal russo prevê uma pena de até sete anos de prisão para o crime de "vandalismo motivado por ódio étnico", da qual elas foram acusadas, mas previamente já se sabia que elas não serão condenadas a mais de três anos de reclusão.
Centenas de pessoas se concentraram nas imediações do tribunal, situado no distrito Jamovniki, para pressionar as autoridades, enquanto a polícia, que contava com um considerável número de soldados antidistúrbios, cercava os manifestantes para evitar possíveis conflitos.
Apesar da pressão por parte da opinião publica, a defesa das Pussy Riot possuía poucas esperanças que as integrantes fossem absolvidas. "Levando em conta essas circunstâncias, praticamente não há nenhuma esperança", declarou Nikolai Polozov, um dos advogados do grupo, ao ser perguntado sobre as possibilidades de uma possível absolvição. "Desde o começo sustentamos que as integrantes do grupo não cometeram nenhum delito penal e, por isso, a única sentença possível seria a absolvição", completou Polozov, antes do anúncio da condenação.
As acusadas, por outro lado, alegam que se trata de uma perseguição política. Segundo as próprias integrantes, se elas tivessem cantado músicas a favor do presidente não estariam diante de um tribunal. A Anistia Internacional e várias organizações russas de defesa dos direitos humanos também consideram que as integrantes do grupo punk russo são presas políticas. O caso atraiu grande atenção da mídia internacional e organizações de direitos humanos.
Com informações das agências internacionais
Nadezhda Tolokonnikova (esq.), Maria Alyokhina (centro) e Yekaterina Samutsevich acompanham o seu julgamento em tribunal de Moscou. Uma juíza condenou nesta sexta-feira o trio de integrantes da banda punk feminina Pussy Riot ao considerar que elas cometeram vandalismo motivado por ódio religioso e ofenderam fieis ao invadirem a catedral ortodoxa de Moscou para cantar uma "oração" contra o presidente do país, Vladmir Putin
Foto: Reuters
Atrás de cela de vidro, integrantes da banda feminina são observadas por policiais durante a audiência desta sexta-feira. A juíza Marina Syrova afirmou que as três jovens "planejaram cuidadosamente" o ato realizado em 21 de fevereiro na catedral de Cristo Salvador. Além disso, indicou que as três acusadas "não expressaram arrependimento por seus atos, violaram a ordem pública e ofenderam os sentimentos dos crentes". A sentença ainda não foi divulgada
Foto: AP
Simpatizantes da banda punk colocam máscara em monumento em homenagem aos heróis russos da Segunda Guerra Mundial. As máscaras se tornaram uma marca registrada das integrantes da Pussy Riot. Elas foram adotadas por manifestantes ao redor do mundo que pediram nesta sexta-feira a libertação do trio
Foto: AP
Manifestantes protestam em frente à embaixada da Rússia em Londres, na Grã-Bretanha, em apoio às russas
Foto: Reuters
Ativista do grupo feminista Femen usa motosserra para derrubar cruz ortodoxa durante protesto pedindo a libertação das jovens, Kiev, na Ucrânia. O monumento foi erguido em homenagem às vítimas da repressão religioso promovida pelo ditador soviético Josef Stálin
Foto: Reuters
Após derrubar a cruz, a ativista do Femen posou na posição da crucificação. O movimento já fez vários atos contra a Igreja Ortodoxa russa e contra o governo de Vladimir Putin
Foto: AP
Polícia russa prende o famoso enxadrista e ativista de oposição Garry Kasparov (centro) durante o protesto em frente ao tribunal em que a banda Pussy Riot foi julgada
Foto: Reuters
Com máscaras e megafones, grupo protesta em frente à embaixada russa em Berlim, na Alemanha, pela libertação das jovens
Foto: Reuters
Manifestante vestiu máscara para pedir a libertação do trio em Paris, na França
Foto: Reuters
Integrantes do grupo de apoio "Bulgária pelas Pussy Riot" protestam em Sófia
Foto: Reuters
Homem é preso por protestar em frente ao tribunal onde ocorre o julgamento, em Moscou, na Rússia
Foto: Reuters
Polícia detém simpatizante da banda em frente ao tribunal de Moscou
Foto: Reuters
Mulher, com o corpo pintado em apoio à banda, toca tambor durante ato em Sydney, nas Austrália