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África

Líbia vive 1ª transição pacífica após décadas de ditadura

8 ago 2012 - 20h12
(atualizado às 20h37)
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A Assembleia eleita em 7 de julho receberá o poder na noite desta quarta-feira na Líbia, durante uma cerimônia que marca a transição pacífica, após mais de quarenta anos de ditadura do ex-líder Muammar Kadafi.

Líbios fazem carreata em Trípoli em dia de eleição dos membros do Congresso Nacional após a morte de Muammar Kadafi
Líbios fazem carreata em Trípoli em dia de eleição dos membros do Congresso Nacional após a morte de Muammar Kadafi
Foto: AFP

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafá Abdul Jalil, passará simbolicamente o poder ao decano dos 200 membros do Congresso Geral Nacional (CGN), que foi eleito há menos de um mês nas primeiras eleições livres deste país. Os dois devem discursar, de acordo Jadal Mukhtar, membro do CNT.

Devido ao mês sagrado do Ramadã, a cerimônia, que está prevista para durar duas horas, deve começar tarde da noite em um centro de conferências de um hotel da capital líbia, onde será também a sede do CGN. As autoridades adotaram medidas extraordinárias de segurança, especialmente depois de uma escalada de violência em várias partes do país nos últimos dias.

O Ministério do Interior anunciou nesta quarta que bloquearia o perímetro do hotel e que "todas as estradas que levam ao centro de conferências serão fechadas" de 17h00 às 01h00 GMT (14h00 às 22h00 de Brasília. Representantes da sociedade civil e de missões diplomáticas na Líbia, assim como membros do CNT e do governo, devem assistir à cerimônia.

Os debates da Assembleia, que, segundo um membro do CNT, tiveram início no sábado, devem ser realizados em um outro salão no segundo andar do hotel. Oficialmente, os trabalhos começam na próxima semana, segundo a agência de notícias líbia Lana, que considerou a passagem de poder "uma etapa decisiva para a vida dos líbios".

O CNT era o braço político da rebelião que derrubou Kadafi e que tomou o poder após a sua morte, em outubro, após oito meses de conflito. O CGN elegerá um novo governo para substituir o Conselho de Transição, que será dissolvido na primeira seção do Congresso e, em seguida, organizará novas eleições baseadas em uma nova constituição.

Os membros do Congresso se reuniram segunda-feira à noite de maneira informal para chegar a um acordo sobre a escolha do presidente e de dois vice-presidentes do organismo dentro de uma semana, segundo Salah Jauda, membro independente da cidade de Benghazi (leste).

O Congresso é fruto das históricas eleições realizadas no dia 7 de julho, muito comemoradas pela comunidade internacional. A maioria das cadeiras da Assembleia foi ocupada pela Aliança de Forças Nacionais (AFC), uma coalizão de mais de 40 pequenos partidos liberais liderados pelos líderes da revolta de 2011 contra o regime de Kadafi. A AFC tem 39 dos 80 assentos reservados para os partidos políticos. A segunda força do CGN, com 17 assentos, é o Partido da Justiça e da Construção (PJC), da Irmandade Muçulmana, e os 120 lugares restantes foram atribuídos a candidatos independentes.

Segundo Jauda, não haverá um novo governo antes da festa de Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã, prevista para acontecer em duas semanas. O período de transição foi marcado pela violência e pelo fracasso do CNT em desarmar os ex-rebeldes que lutaram contra Khadafi e que agora fazem parte de milícias armadas que escapam ao controle das autoridades. Mustafá Abdul Jalil ainda não se pronunciou sobre seus projetos futuros.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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