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Distúrbios no Mundo Árabe

Exército sírio fecha cerco para 'batalha decisiva' em Aleppo

5 ago 2012 - 22h35
(atualizado às 22h57)
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O Exército sírio concluiu neste domingo sua operação para reforçar as tropas em Alleppo e está pronto para a "batalha decisiva" contra os rebeldes nesta cidade-chave do norte da Síria, onde prosseguia o bombardeio contra as posições dos insurgentes. A Força Aérea síria bombardeou os bairros de Shar, Sajur e Salahedin na cidade, todos sitiados pelo exército, informou o opositor Observartório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). O bairro de Salahedin, abandonado pela população, é o principal objetivo dos militares.

Em imagem de vídeo divulgado pela agência Ugarit News nesta segunda-feira, tropas do governo da Síria enfrentam rebeldes em Aleppo. A segunda maior cidade do país foi palco de combates violentos no domingo, após uma ofensiva do exército para tentar tirar Aleppo das mãos dos opositores
Em imagem de vídeo divulgado pela agência Ugarit News nesta segunda-feira, tropas do governo da Síria enfrentam rebeldes em Aleppo. A segunda maior cidade do país foi palco de combates violentos no domingo, após uma ofensiva do exército para tentar tirar Aleppo das mãos dos opositores
Foto: AP

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"Todos os reforços já chegaram e cercaram a cidade. O Exército está pronto para lançar a ofensiva decisiva, mas aguardamos as ordens", alertou um oficial, prevendo que os combates nas ruas exigirão tempo. Segundo o jornal oficial Al Watan, a verdadeira batalha de Aleppo ainda não começou. "A missão atual (do Exército) consiste em aplicar duros golpes aos terroristas, a estreitar o cerco e reforçar o controle de entradas da cidade para lhes impedir de fugir".

Em Damasco, três oficiais do Serviço de Informação Política desertaram e se refugiaram na Jordânia, informou Kassem Saad Eddine, porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL), na Síria. "O coronel Yareb al Shareh, seu irmão Kanaan Mohamad al Shareh e o coronel Yaser Hajj Ali, que trabalhavam no Serviço de Informação Política em Damasco, desertaram e se encontram na Jordânia". As deserções não foram confirmadas pelo regime sírio.

Situação estagnada

Um alto oficial confirmou que a verdadeira batalha de Aleppo ainda não começou e que os bombardeios não são mais que preparativos. Ele disse que pelo menos 20 mil soldados foram destacados como reforço dentro de Aleppo e em seus arredores e que outros continuam chegando. Os rebeldes dizem controlar a metade da cidade e afirmam que, apesar dos bombardeios, os soldados não conseguem avançar nos bairros.

Segundo jornalistas da AFP no local, a situação parece paralisada. Os combatentes do Exército Sírio Livre (ESL, formado por desertores e civis que pegaram em armas) e soldados se enfrentam violentamente em Salahedin, mas continuam esperando a grande ofensiva prometida pelo regime.

Para aliviar Aleppo, os rebeldes atacam quase toda noite do aeroporto militar de Managh, onde estão alguns helicópteros. Os aviões da aeronáutica, porém, vêm de Idleb, mais a oeste, ou de outras regiões e, por enquanto, nada parece detê-los. Em comunicado, o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão da oposição, acusou o Exército de bombardear as sedes de instituições públicas, que fazem parte do patrimônio arquitetônico de Aleppo.

Aleppo é uma das cidades mais antigas do mundo e a cidade velha é considerada pela UNESCO "de valor universal inestimável". O CNS reiterou também seu pedido a favor de 800 famílias no centro histórico de Homs (centro) que há mais de 60 dias estão "ameaçadas não só por um bombardeio selvagem, mas também pela fome, sede e falta de medicamentos". O Conselho também pediu à comunidade internacional, muito dividida sobre a crise síria, "e aos países vizinhos a atuar seriamente frente à ameaça que o regime representa para a existência da Síria, a paz e a estabilidade internacional".

Iranianos sequestrados

Informações divergentes circulavam neste domingo sobre a identidade dos sequestradores dos iranianos capturados no sábado na Síria, cujo rapto foi reivindicado pelo Exército Sírio Livre (ESL) e, ao mesmo tempo, atribuído por um opositor sírio a um grupo extremista sunita. Os raptores de 48 iranianos - supostos peregrinos - sequestrados no sábado, na Síria, são membros de um grupo extremista sunita, afirmou neste domingo um dirigente da oposição síria, pouco depois de o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) reivindicar o sequestro em um vídeo.

"Jundala é um grupo islâmico extremista que tem um discurso religioso baseado no ódio aos xiitas e aos alauitas", afirma o dirigente, que não quis ser identificado. Os extremistas sunitas consideram os xiitas e alauitas - facção do xiismo a qual pertence o presidente Bashar al Assad - como hereges. A maioria da população síria é sunita.

Mais cedo, a rede de televisão com capital saudita Al Arabiya divulgou imagens que mostram os reféns iranianos em mãos de rebeldes sírios, que afirmam deter alguns membros dos Guardiões da Revolução. Nas imagens, o representante do ESL, um grupo armado rebelde, mostra o que diz ser um documento de identificação militar e uma permissão para portar armas de um dos iranianos, apresentado como um Guardião da Revolução. O Irã insiste que os sequestrados são peregrinos capturados quando se dirigiram de ônibus para o aeroporto e exige sua libertação.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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