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Ásia

Japão lembra tragédia atômica de Hiroshima 67 anos depois

5 ago 2012 - 22h15
(atualizado em 6/8/2012 às 08h13)
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Hiroshima lembrou nesta segunda-feira às vítimas da bomba atômica que há 67 anos arrasou a cidade e deixou 140 mil mortos, em uma data marcada ainda pela sombra do acidente de Fukushima no ano passado e um movimento antinuclear cada vez mais consolidado. Cerca de 50 mil pessoas se reuniram no Parque da Paz de Hiroshima para homenagear as vítimas com um minuto de silêncio às 8h15 locais (18h15 do domingo), a mesma na qual a bomba caía sobre a cidade.

Pombas brancas são liberadas durante cerimônia no Memorial da Paz, em Hiroshima, durante a cerimônia
Pombas brancas são liberadas durante cerimônia no Memorial da Paz, em Hiroshima, durante a cerimônia
Foto: AP

"Little Boy", o nome com o qual Estados Unidos batizou a primeira bomba nuclear da história, reduziu a cinzas uma urbe hoje convertida em uma ativa cidade de mais de um milhão de habitantes que, a cada dia 6 de agosto, pede ao mundo que a tragédia não seja esquecida. Da cerimônia participaram representantes de 71 países, inclusive Estados Unidos e outras potências atômicas como Reino Unido e França, que escutaram a chamada pela paz e pelo desarmamento nuclear do prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui.

Em seu discurso, Matsui pediu que as experiências dos idosos sobreviventes da bomba atômica sejam compartilhadas com o mundo e urgiu que o Japão lidere o movimento pela abolição total das armas nucleares. Perante um público entre o qual se encontrava também o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, o prefeito solicitou ao governo do Japão mais ajudas para os "hibakusha", como são conhecidas as vítimas das bombas atômicas, que durante anos tiveram que suportar o estigma da discriminação.

O país "está imerso em um debate nacional sobre sua política energética, com vozes que insistem que a energia nuclear e a humanidade não podem coexistir", lembrou Matsui, pedindo ao Executivo "uma política energética que garanta a segurança dos cidadãos". O desastre suscitado pelo tsunami de março de 2011 no nordeste japonês causou a paralisação gradual dos 50 reatores atômicos do Japão, embora no mês passado dois deles tenham sido reativados no centro do país perante a ameaça de cortes na provisão elétrica no verão.

Noda, que respaldou essa iniciativa, sustentou hoje em Hiroshima que sua política é a de reduzir em médio e longo prazo a dependência do Japão das centrais atômicas, das quais, antes da crise de Fukushima, o país obtinha 30% de sua eletricidade. No entanto, o movimento antinuclear considera o discurso de Noda insuficiente e pede um blecaute nuclear total, com manifestações toda sexta-feira em frente ao escritório do primeiro-ministro nas quais semana a semana cresce a participação, em um país pouco habituado aos protestos.

Durante a comemoração do 67º aniversário da tragédia atômica de Hiroshima houve também protestos de alguns grupos antinucleares contra as centrais nucleares e contra o governo de Noda, que, entre uma estreita vigilância policial, marcharam pelas imediações do Parque da Paz.

Na cerimônia esteve presente neste ano o neto do presidente americano Harry Truman, que ordenou o lançamento das bombas de Hiroshima e Nagasaki nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, no capítulo final da Segunda Guerra Mundial. Clifton Truman Daniel, 55 anos, viajou ao Japão convidado por uma organização não-governamental para participar das cerimônias nas duas cidades e reunir-se com sobreviventes de ambas tragédias.

Em declarações no final de semana em Tóquio, antes de viajar para Hiroshima, Truman Daniel ressaltou que para sua família é muito importante entender o que aconteceu e as "consequências totais" das decisões tomadas por seu avô.

EFE   
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