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América Latina

Venezuela entra oficialmente no Mercosul na terça-feira

30 jul 2012 - 11h58
(atualizado às 12h07)
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Os presidentes de Brasil, Argentina e Uruguai formalizarão nesta terça-feira em Brasília a entrada da Venezuela no Mercosul como membro pleno, uma medida que aprovada sem respaldo do Paraguai, suspenso do bloco após o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo.

A argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José Mujica e o venezuelano Hugo Chávez já confirmaram presença na cerimônia que será realizada amanhã em Brasília, e devem chegar à capital federal ainda nesta segunda-feira. Segundo fontes oficiais, os governantes deverão ter uma reunião fechada com a presidente Dilma Rousseff antes do ato formal, um ato que também deve contar com os chanceleres dos quatro países.

A entrada da Venezuela foi aprovada em 2006 pelos sócios membros do Mercosul e referendada nos anos seguintes pelos parlamentos de Brasil, Argentina e Uruguai. No entanto, essa aprovação não pôde ser confirmada até o momento pela falta de ratificação do Congresso paraguaio.

Com o impeachment de Fernando Lugo da presidência do Paraguai no final de junho, um polêmico acordo político foi feito na cúpula semestral que o bloco realizou sete dias depois, na cidade argentina de Mendoza. Naquele encontro, que não contou com a participação do sucessor de Lugo, Federico Franco, o Paraguai foi suspenso do bloco e, por isso, a entrada da Venezuela no Mercosul acabou sendo aprovada pelos presidentes dos outros três países.

A forma como esse acordo foi fechado gerou controvérsias que foram ainda mais profundas no Uruguai, onde o vice-presidente, Danilo Astori, criticou publicamente a decisão.

Segundo Astori, o lado político se sobressaiu sobre o jurídico em Mendoza, sendo que o respaldo à entrada da Venezuela sem a ratificação do congresso paraguaio foi "talvez a maior ferida sofrida pelo Mercosul em 21 anos".

Entre os empresários dos três países que aprovaram a adesão, a posição da Venezuela como novo membro pleno do Mercosul gerou, ao mesmo tempo, esperanças de bons negócios e também muitas dúvidas.

Os prazos para a adaptação da Venezuela às normas do Mercosul e sua Tarifa Externa Comum - que varia entre 0 e 20% -, começarão a ser analisadas hoje pelos chanceleres.

"Resta saber se isso será rápido, levará anos ou se será cumprido", declarou na última semana o presidente do Conselho Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Rubens Barbosa, que considerou que se o processo for breve, haverá benefícios "para todos".

Com intenção de agilizar esse processo, técnicos do Brasil visitaram Caracas na última semana e, segundo Chávez, identificaram 230 códigos de produtos que a Venezuela poderia comercializar no âmbito do Mercosul.

Além disso, Chávez disse que criará um "fundo estratégico de milhões de dólares" para apoiar as empresas venezuelanas com perfil exportador, e se mostrou aberto a facilitar investimentos dos setores privados do Mercosul.

As dúvidas também pairam sobre o futuro das negociações de novos acordos comerciais do Mercosul com outros blocos e países.

"A Venezuela tem uma visão limitada do mundo e pode dificultar novos acordos", disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto Castro, que ressaltou que "será ainda mais difícil conseguir um consenso entre cinco países", assim que o Paraguai for reincorporado.

Nesse sentido, um dos acordos que a Venezuela deverá assumir a partir de amanhã será um de livre-comércio que o Mercosul tem com Israel, país com o qual o governo de Chávez rompeu relações diplomáticas em 2009.

A Cúpula extraordinária que o Mercosul realizará amanhã será para Chávez - que está em plena campanha eleitoral - a primeira desde que foi diagnosticado com um agressivo câncer na região pélvica, do qual diz estar totalmente curado.

EFE   
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