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Oriente Médio

Por telefone, moradores relatam violentos confrontos em Aleppo

25 jul 2012 - 13h16
(atualizado em 10/5/2013 às 15h45)
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Os confrontos entre tropas do governo sírio e rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) entraram no sexto dia consecutivo em Aleppo, com bombardeios aéreos e de artilharia sobre parte da cidade. Jovens moradores da segunda maior cidade da Síria falaram com o Terra sobre o cotidiano nas perigosas ruas da cidade e o medo pela destruição da cidade.

Sírios passam por posto de controle rebelde na parte norte da cidade de Aleppo; cidade vive 6º dia de combates
Sírios passam por posto de controle rebelde na parte norte da cidade de Aleppo; cidade vive 6º dia de combates
Foto: AFP

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Alaa S., 25 anos, é morador do bairro de Al Jalloum, em Aleppo, centro comercial e industrial da Síria, e palco de uma das batalhas mais intensas entre rebeldes e tropas leais ao presidente Bashar al-Assad. "Poucas pessoas se aventuram nas ruas, especialmente de bairros que ficam próximos a aqueles onde ocorrem combates", disse ele.

Seu bairro fica uma distância a pé de onde ocorrem tiroteios entre rebeldes e tropas governamentais. Mas Alaa disse que as ruas mudam de mãos e de situação a todo instante. "Algumas pessoas andam pelas ruas, mas em uma questão de minutos a situação pode passar de tranquila para perigosa".

Segundo ele, densas fumaças podem ser vistas ao longe por causa dos bombardeios. Moradores das áreas mais afetadas fogem para outros bairros. "Eles acham que estarão mais seguros em outras áreas, onde também podem comprar comida, já que parte do comércio ainda abre nestes bairros".

Alaa enfatizou que protestos antigoverno se tornaram escassos na cidade com os bombardeios de artilharia e tanques e a presença de franco-atiradores pró-governo em vários prédios.

Som assustador

Segundo ativistas e oficiais do ELS, o governo sírio iniciou nesta quarta-feira, dia 25, o envio de milhares de soldados, que estavam estacionados na fronteira com a Turquia, para participarem da ofensiva contra rebeldes em Aleppo.

Há duas semanas, os rebeldes iniciaram uma ofensiva militar contra a capital Damasco, tomando vários bairros da cidade. Com o avanço do ELS, opositores também fizeram uma ofensiva em cidades no norte do país, incluindo Aleppo. O exército sírio aumentou sua presença na capital na semana passada, retomando alguns dos bairros das mãos dos rebeldes.

Em Aleppo, os combates se concentram na parte leste da cidade, perto da Citadela, considerada um patrimônio da Humanidade pela Unesco. Confrontos também ocorrem na região central de al-Jamaliya e no sul em Kalasseh, onde rebeldes alegam que incendiaram uma delegacia de polícia.

Ahmed N., 28, ativista da oposição, mora no bairro de al-Masharika, no oeste da cidade, ao lado de al-Jamaliya. Ele disse que viu diversas tropas do governo em blindados e tanques se dirigindo para o bairro vizinho. "Escutei diversas explosões e tiroteios. É difícil filmar qualquer coisa já que já houve alguns prédios vizinhos alvejados por balas perdidas", disse.

Segundo Ahmed, helicópteros sobrevoam constantemente a cidade e disparam mísseis contra alvos rebeldes. "Escutei o som de aviões de combate também, lançando bombas contra o exército da oposição. O som dos aviões é assustador quando passam sobre a cidade", contou ele. O jovem disse que ambulâncias passam todo momento com feridos, civis ou militares, em direção aos hospitais.

"Não sabemos se rebeldes feridos têm chance de sobreviver, já que a maioria dos hospitais fica nas áreas controladas pelas tropas do governo", disse Ahmed, que ainda revelou que muitos amigos seus já fugiram com suas famílias da cidade, alguns até rumando para a Turquia.

Pressão internacional

O governo da Turquia anunciou na quarta-feira que estava fechando a fronteira para o tráfego comercial e de cidadãos turcos, mas que permitiria a entrada de refugiados sírios em seu território.

Segundo a ONU, o número de refugiados em países vizinhos já chega a mais de 120 mil, distribuídos entre Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. A organização também disse que o número de refugiados internos, deslocados pelo conflito, já está em 1,5 milhão de pessoas.

Os governos ocidentais aumentaram a pressão diplomática sobre a Síria depois que o regime de Assad declarou que possuía armas químicas e biológicas, mas que não as usaria internamente, apenas no caso de uma "agressão externa".

Os Estados Unidos e Israel temem que, no caso de um colapso do governo sírio, o arsenal de armas químicas e biológicas do país poderia cair em "mãos erradas" de grupos terroristas, como a Al-Qaeda, ou de militantes, como o libanês Hezbollah.

Fonte: Especial para Terra
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