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Parlamento do Egito marca sessão e desafia militares

9 jul 2012 - 07h34
(atualizado às 10h27)
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O presidente do Parlamento do Egito, Saad al-Katatni, disse que a Casa vai voltar a se reunir na terça-feira, arriscando uma desavença com o Exército, depois que o recém-eleito presidente do país, Mohamed Mursi, desafiou os militares e revogou a ordem que dissolvera a legislatura, no mês passado. Segundo a agência estatal de notícias, Katatni disse nesta segunda-feira que a Câmara dos Deputados vai se reunir a partir do meio-dia (horário local) na terça-feira, derrubando assim uma ordem militar e uma decisão judicial do mês passado, antes de Mursi ser eleito presidente. Katatni e Mursi são membros do partido da Irmandade Muçulmana, movimento perseguido por décadas no país.

A decisão de Katatni, amparada em um decreto divulgado por Mursi no domingo - praticamente uma semana depois de ter tomado posse -, ameaça mergulhar o Egito em uma nova fase de instabilidade política, que provavelmente poderia ter reflexos para uma economia frágil e ainda minar as esperanças da população desesperada por um período de calma, depois de 17 meses turbulentos desde que o líder Hosni Mubarak foi deposto. No entanto, em um sinal de que as relações entre Mursi e o Exército estão longe de terem sido rompidas, o presidente e o comandante do Conselho Militar, marechal Hussein Tantawi, apareceram juntos, demonstrando conversar com tranquilidade, durante um evento televisionado na manhã desta segunda-feira.

O Conselho Militar, que governou o Egito desde a derrubada de Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, após manifestações populares, entregou os poderes a Mursi em junho, mas procurou reduzir sua autoridade pouco antes de ele ser eleito. O Conselho dissolveu o Parlamento, no qual o partido da Irmandade tem maioria, e assumiu os poderes legislativos.

Mas no domingo, Mursi disse que estava reconvocando o Parlamento e iria realizar uma eleição assim que uma nova Constituição entrar em vigor, indicando que o atual Parlamento não iria cumprir os quatro anos de mandato. A atitude de Mursi pareceu ter pego os militares de surpresa.

A disputa é parte de uma luta mais ampla de poder, que poderá levar anos até se consolidar, e que opõe os islâmicos reprimidos por muito tempo sob o regime Mubarak aos generais que governaram o Egito por seis décadas ao lado do ex-presidente. O impacto imediato, no entanto, pode ser a dificuldade maior para o novo presidente estabilizar a economia, que se encaminha para uma crise orçamentária e no balanço de pagamentos. No domingo (dia normal de trabalho no Egito), o mercado de ações reagiu com queda de mais de 5 por cento na abertura.

Num possível indício de que os generais não vão confrontar Mursi abertamente, a agência estatal de notícias informou que os guardas do Parlamento permitiram que alguns deputados entrassem no edifício, que havia sido isolado quando o Exército ordenou sua dissolução. Alguns analistas dizem que a decisão de Mursi de ordenar a antecipação de eleições é uma oferta de concessão, ao reconhecer a afirmação da Corte de Justiça de que a eleição parlamentar não cumpriu algumas normas legais.

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