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África

Líbios ainda comemoram eleições apesar da violência

8 jul 2012 - 11h39
(atualizado às 12h02)
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Os líbios seguem comemorando a realização de sua primeira eleição nacional livre em 60 anos, depois de desafiar a violência no sábado para votar no pleito, amplamente visto como o fim da era da ditadura de Muammar Gaddafi.

Mulher comemora nas ruas de Tripoli a primeira eleição livre do país em 60 anos
Mulher comemora nas ruas de Tripoli a primeira eleição livre do país em 60 anos
Foto: Reuters

Fogos de artifício iluminaram o céu da capital Trípoli, enquanto na cidade de Benghazi (leste), palco de protestos por aqueles que demandam mais autonomia, as pessoas comemoravam atirando foguetes em direção ao mar.

Até mesmo em Sirte, cidade natal de Gaddafi, cenário de alguns dos piores combates e danos durante a revolta do ano passado, apoiada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para acabar com o governo de 42 anos, havia alívio, porque a votação de sábado correu bem.

"Allahu akbar (Deus é maior). Essa é a era da liberdade -pela primeira vez Sirte é livre", cantava uma mulher que comemorava com a família.

Um homem foi morto a tiros por um segurança no sábado quando tentava roubar uma caixa de cédulas de votação na cidade de Ajdabiya. Outro foi morto em um tiroteio em um confronto entre manifestantes e partidários da eleição em Benghazi.

Mas com a eleição chegando ao fim no país, as autoridades disseram que 98 por cento dos centros eleitorais abriram em algum momento durante o dia, para a escolha de uma assembleia de 200 membros que vai nomear um primeiro-ministro e abrir o caminho para as eleições parlamentares de 2013.

A comissão eleitoral disse, depois que a votação terminou, que 1,6 milhão dos cerca de 2,8 milhões de eleitores registrados haviam votado, uma participação de pouco menos de 60%.

Ao ser perguntado em uma entrevista coletiva quando os resultados seriam divulgados, o presidente da comissão, Nuri Al Abbar, disse que começarão a surgir na segunda-feira, embora tenha acrescentado: "O primeiro vencedor é o povo líbio."

Candidatos com agendas islamitas são maioria em um total de 3.700 aspirantes, sugerindo que a Líbia será o próximo país da Primavera Árabe -depois de Egito e Tunísia- a ver partidos religiosos garantirem o controle do poder.

A divulgação dos resultados pode ainda ser um problema caso facções rivais questionem sua validade em um país ainda repleto de armas da sua guerra civil.

Confrontos Tensos

Em Benghazi, manifestantes invadiram um posto de votação logo que a votação começou e atearam fogo em centenas de cédulas eleitorais em uma praça pública, em uma tentativa de desacreditar as eleições.

"Não havia segurança suficiente no local para impedir os manifestantes", disse Nasser Zwela, de 28 anos, à Reuters.

Pelo menos quatro postos de votação foram cenários de confrontos tensos entre manifestantes contrários às eleições e moradores armados que queriam evitar qualquer contratempo no pleito.

Os defensores da revolta apoiada pela Otan, e que derrubou Gaddafi, rejeitaram sugestões de que a violência mostrava que as eleições não tinham legitimidade.

"Depois de mais de 40 anos com a Líbia sob domínio ditatorial, a eleição histórica (...) destaca que o futuro da Líbia está nas mãos do povo", disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em comunicado.

"Agora começa o trabalho difícil de reconstrução de um governo eficiente e transparente que unifique o país e trabalhe para o povo líbio, e os EUA estão prontos para ajudar os líbios na sua transição para uma Líbia livre e democrática e em paz com seus vizinhos", afirmou, por sua vez, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, neste domingo.

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