Irã possui plano para destruir 35 bases dos EUA caso seja atacado
4 jul2012 - 10h26
(atualizado às 10h40)
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O Irã já possui planos detalhados para destruir as 35 bases dos EUA no Oriente Médio, no Golfo Pérsico e na Ásia Central caso seja atacado, afirmou nesta quarta-feira o general Amir Ali Hayizadeh, comandante da Força Aeroespacial dos Guardiães da Revolução.
"Tomamos todas as medidas necessárias para situar essas bases e desdobrar mísseis para destruir todas elas nos primeiros minutos de um possível ataque (contra o Irã)", advertiu Hayizadeh em declarações divulgadas pela agência local Fars.
Hayizadeh fez essas declarações, que detalhava os planos do Irã diante de um eventual ataque dos Estados Unidos contra seu território, no final de um exercicio militar de três dias. Neste, os Guardiães da Revolução testaram diversos tipos de mísseis de fabricação nacional.
O comandante explicou que os Estados Unidos "tem 35 bases ao redor do Irã" e acrescentou que "todas elas estão ao alcance dos mísseis, assim como a terra ocupada da Palestina (Israel)".
Segundo ele, as manobras de mísseis que foram realizadas nos últimos dias tinham o objetivo de destruir réplicas de hipotéticas bases dos EUA na região, assegurando que o resultado dos testes tinha sido um grande êxito.
O site dos Guardiães da Revolução Sepah News informou nesta quarta que dentro dessas manobras foram usados mísseis do tipo "Golfo Pérsico" (antinavios) contra alvos marítimos, com o apoio de aviões de combate e aeronaves não tripuladas.
Ontem, os guardiães da Revolução asseguraram que tinham destruído sete hipotéticas bases das "forças alheias à região" em manobras aéreas e com lançamento de mísseis de até 1,3 mil km de alcance, embora Hayizadeh tenha feito questão de ressaltar que o país dispõe de mísseis que superam 2 mil km.
O Irã está submetido a sanções da ONU, dos EUA e da UE por causa de seu programa nuclear, sendo que Washington e Tel Aviv ameaçaram atacar o território iraniano caso não haja uma paralisação de suas atividades atômicas. Neste caso, Teerã respondeu que daria uma resposta "arrasadora" e que também poderia fechar o estratégico Estreito de Ormuz.
Enquanto alguns países, liderados pelos EUA, suspeitam que o programa nuclear iraniano possui uma vertente armamentista destinada a fabricação de armas atômicas, Teerã assegura que seu programa é exclusivamente civil, pacífico e ainda respeita o Tratado de Não-Proliferação (TNP) nuclear.
Ontem, em sua entrevista coletiva semanal, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, comentou as manobras realizadas e disse que a mensagem desses exercícios é que "Irã tem total autoridade e preparação para garantir a segurança no Golfo Pérsico e no tráfego de petroleiros no Estreito de Ormuz".
O presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento do Irã, Alaedin Boruyerdi, disse que Teerã considera a presença de forças estrangeiras na região "prejudicial" para a segurança, acrescentando que as manobras com mísseis mostram a capacidade do Irã para manter a estabilidade na área.
Imagem de janeiro de 1979 mostra o aiatolá Ruhollah Khomeini ainda no exílio, na França. Khomeini retornou ao Irã no mesmo ano e promoveu a Revolução Islâmica que derrubou o xá Reza Pahlavi. Segundo Mousavian, após a revolução, amplamente apoiada pela população local, os países ocidentais romperam unilateralmente seus compromissos com o Irã e deixaram bilhões de dólares em projetos industriais e nucleares inacabados
Foto: AFP
O xá (monarca) do Irã, Reza Pahlavi (dir.), se encontra com o secretário de Estado americano, Henty Kissinger (esq.), em Zurique, na Suíça, em 18 de fevereiro de 1975. Segundo o diplomata iraniano Hossein Mousavian, a atual desconfiança do Irã em relação aos Estados Unidos tem origem no golpe de 1953, apoiado pelo país e pelo Reino Unido, que derrubou o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, eleito democraticamente, para instalar a ditadura de Pahlavi
Foto: AFP
Os corpos de soldados iranianos são fotografados em pântano nas proximidades da cidade iraquiana de al-Howeizah, em 22 de março de 1985. O Iraque, do então líder Saddam Hussein, invadiu o Irã em 1980. A guerra entrou os dois países durou oito anos, arruinou economicamente ambos e custou a vida de 300 mil iranianos ¿ Hussein também aprovou o uso de armas químicas contra seus adversários. O Ocidente apoiou o Iraque
Foto: AFP
Em 7 de julho de 1988, milhares de pessoas participam de funeral de passageiros e tripulantes de avião da Iran Air que foi derrubado pela Marinha americana quando sobrevoava o Golfo Pérsico. Mousavian também apontou o ataque à aeronave, que deixou 290 civis mortos, incluindo 66 crianças, como um dos fatores que levam o Irã a não confiar no Ocidente. Os EUA alegaram que o ataque foi acidental, mas partiu de uma embarcação que estava em águas iranianas em confronto com a Marinha local
Foto: AFP
Imagem de outubro de 1986 exibe o americano Edward Austin Tracy, feito refém no Líbano por um grupo pró-Irã. Em 1989, o presidente iraniano Ali Akbar Hashemi Rafsanjani se abriu à política do americano George Bush de "boa-vontade gera boa-vontade" - que propunha a ajuda do Irã para a libertação de reféns internacionais no Líbano em troca de descongelamento de bens do país. Mousavian diz que o Irã cumpriu sua parte, enquanto os EUA responderam com o aumento nas hostilidades
Foto: AFP
O representante da União Europeia Chris Patten cumprimenta o presidente iraniano, Mohammad Khatami, em Teerã, no dia 26 de setembro de 2001. O encontro fazia parte das tentativas de convencer o Irã a apoiar os esforços globais contra o terrorismo após o 11 de setembro. Segundo Mousavian, o Irã esteve entre os primeiros países a condenar os ataques e se dispôs a cooperar com os EUA. Em contrapartida, George Bush, o filho, classificou posteriormente o Irã como parte do "Eixo do Mal"
Foto: AFP
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad (dir.), se encontra com o representante russo Nikolai Patrushev (esq.), em Teerã, em agosto de 2011. Por fim, Mousavian aponta que, em 2011, o Irã se dispôs a aceitar um plano russo para resolver a questão nuclear, em que se oferecia a aceitar a total supervisão da AIEA e limitar o enriquecimento de urânio, em troca de receber barras de combustível para seus reatores. Ele aponta que novamente a resposta foi a adoção de sanções mais duras