Assad descarta solução externa para crise na Síria
28 jun2012 - 15h52
(atualizado em 29/6/2012 às 09h35)
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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse à televisão estatal iraniana nesta quinta-feira que uma solução externa imposta ao país é inaceitável porque somente os sírios podem resolver a crise. "Nenhum modelo não-sírio é aceitável porque ninguém, a não ser nós, sabemos como resolver o problema", declarou Assad em uma rara entrevista.
Ao se referir às tensas relações com a Turquia após a Síria ter derrubado um de seus aviões militares, Assad disse que há uma diferença entre a postura das autoridades turcas e a visão positiva do povo turco em relação à Síria.
Assad disse ainda que o seu governo tem a missão de "eliminar terroristas" para proteger o povo da Síria, pressionada pela comunidade internacional pelos violentos confrontos há 16 meses. "A responsabilidade do governo sírio é proteger todos os nossos residentes. Você tem a responsabilidade de eliminar terroristas em qualquer canto do país", afirmou.
"Quando você elimina um terrorista, é possível que você esteja salvando as vidas de dezenas, centenas ou mesmo milhares (de pessoas)."
A entrevista coincide com o aumento da violência na Síria e as crescentes tensões com a Turquia, que mobiliza forças na fronteira depois que tropas de Assad abateram um de seus jatos militares na sexta-feira.
Governos ocidentais e árabes devem se reunir no sábado, em Genebra, com membros do Conselho de Segurança da ONU e atores-chave do Oriente Médio como parte dos esforços para encerrar a crise.
Irã nem Arábia Saudita participarão do diálogo que, para diplomatas da ONU, focará um plano de transição para abrir caminho para um governo de unidade nacional.
A Organização das Nações Unidas (ONU) acusa as forças sírias de já terem matado mais de 10 mil pessoas desde o início do conflito, que começou há 16 meses como uma rebelião popular e evoluiu para uma insurgência armada.
O presidente americano, Barack Obama, e o russo, Vladimir Putin, mostraram uma aparente harmonia nesta segunda sobre a necessidade de acabar com a violência na Síria, sobre a pressão em relação ao Irã e, inclusive, sobre o escudo antimísseis, após meses de dura disputa diplomática entre as duas potências. O encontro dois líderes estão em Los Cabos, no México, para o encontro do G20
Foto: AFP
Ambos chegaram inclusive a trocar alguns sorrisos durante o encontro. Clima totalmente oposto da troca de farpas da últimas semanas entre a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, a respeito do que deveria ser feito sobre a Síria. Por causa da crescente tensão bilateral, o encontro entre os dois líderes estava rodeado de grande expectativa
Foto: AP
Em frente aos olhos do mundo, ambos parecem ter decidido, no mínimo, manter as aparências. As opiniões de ambos convergiram não só sobre a Síria, mas em relação a outros assuntos polêmicos envolvendo diretamente as duas potências. Em sua a primeira reunião desde que Putin voltou ao Kremlin, ele e Obama emitiram um comunicado conjunto, paralelamente à cúpula - que tem as atenções voltadas para a crise europeia
Foto: AP
Democracia para Síria. "Para acabar com o banho de sangue na Síria pedimos o fim imediato de qualquer violência", declararam os líderes. "O povo sírio deve ter a oportunidade de escolher seu futuro democrática e independentemente", completaram. Mais tarde, Putin falou aos jornalistas: "Do meu ponto de vista, temos muitos pontos em comum sobre este tema
Foto: AFP
Pressão sobre o Irã. Sobre o Irã, os dois presidentes afirmaram que estavam de acordo que o Irã "deve empreender sérios esforços para recuperar a confiança internacional sobre a natureza exclusivamente pacífica de seu programa nuclear". "Para isso, Teerã deve cumprir seus compromissos completamente (...) e cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para solucionar rapidamente todos os assuntos pendentes", advertiram
Foto: AFP
Escudo e Tratado Start. Quanto à disputa em torno do escudo antimísseis, os dois afirmaram: "apesar das diferenças, continuaremos buscando conjuntamente soluções para os desafios no âmbito da defesa antimísseis". Moscou quer um acordo que estabeleça que o sistema defensivo não estará dirigido nem será usado contra a Rússia em nenhum momento. Os dois presidentes também estabeleceram um compromisso para implementar um novo tratado de redução de armas nucleares Start
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