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Cuba condena "golpe de Estado" contra Lugo no Paraguai

23 jun 2012 - 16h12
(atualizado em 25/6/2012 às 18h53)
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Cuba condenou energicamente neste sábado o "golpe de Estado" parlamentar contra o presidente constitucional do Paraguai, Fernando Lugo, e anunciou que não reconhecerá o novo governo de Federico Franco, nomeado depois de sua destituição. O governo de Cuba "não reconhecerá autoridade alguma que não venha do voto legítimo e do exercício da soberania por parte do povo paraguaio", informou uma declaração de sua chancelaria, lida no telejornal local.

A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
A presidência de Lugo foi sacudida por reiteradas denúncias de paternidade feitas por várias mulheres, que pediam exames de DNA por filhos que, segundo elas, tiveram com o mandatário enquanto era bispo de San Pedro, Departamento mais pobre do país
Foto: AFP

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O comunicado destacou que "este golpe se soma à longa lista de atentados contra a autodeterminação dos povos latino-americanos, sempre realizados pelas oligarquias com a autoria, a cumplicidade ou a tolerância do governo dos Estados Unidos", a fim de "frear os processos de mudanças progressistas e de genuína integração" na América Latina. "Depois de décadas de sangrentas ditaduras militares que assassinaram milhares de pessoas e exerceram o terrorismo de Estado e a tortura, com plena impunidade, esta estratégia violenta e antidemocrática foi retomada com métodos clássicos ou novos", acrescentou a chancelaria cubana.

Foram mencionados como exemplos o "golpe militar e depois petrolífero contra a Venezuela, a tentativa desestabilizadora e segregacionista contra o Estado plurinacional da Bolívia, o golpe militar contra as forças progressistas em Honduras e a tentativa de golpe contra a Revolução Cidadã no Equador". A chancelaria cubana enfatizou que a ilha "manterá sua colaboração médica estritamente humanitária" com o Paraguai e, "portanto, o centro oftalmológico de María Auxiliadora", que funciona no departamento paraguaio de Itapúa (sudeste), "continuará seus trabalhos enquanto for necessário".

Segundo a declaração, esse centro ajudou "a recobrar ou melhorar a visão de 18 mil paraguaios". Lugo foi destituído na sexta-feira pelo Senado paraguaio depois de um julgamento político sumário, acusado pela Câmara de Deputados de "mal desempenho de suas funções" e substituído pelo vice-presidente, Federico Franco.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência

No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Cuaraguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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