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Ásia

Após 21 anos, Suu Kyi recebe o Prêmio Nobel da Paz em Oslo

16 jun 2012 - 09h07
(atualizado às 12h22)
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A líder opositora birmanesa Aung San Suu Kyi, que passou 24 anos em prisão domiciliar em Mianmar, disse neste sábado que ter recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1991 ajudou-a a voltar à realidade e tirou Mianmar do esquecimento.

A birmanesa Suu Kyi discursa ao receber o Prêmio Nobel da Paz no saguão da prefeitura de Oslo, na Noruega
A birmanesa Suu Kyi discursa ao receber o Prêmio Nobel da Paz no saguão da prefeitura de Oslo, na Noruega
Foto: AFP

"(O prêmio) me fez real novamente, me devolveu ao resto da humanidade. E o que foi mais importante, o Prêmio Nobel atraiu a atenção do mundo à luta pela democracia e pelos direitos humanos em Mianmar", declarou a ativista na cerimônia de entrega da homenagem em Oslo.

Suu Kyi não pôde receber o Nobel em 1991 porque estava em prisão domiciliar. A medalha, o diploma e as 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,9 milhões) foram na época recebidos por seu marido e seus filhos.

Ela destacou que o processo de voltar "ao mundo dos demais seres humanos" desde seu isolamento não foi instantâneo, mas paralelo às notícias das reações a um prêmio que reconheceu que "a oprimida e isolada Mianmar era também uma parte do mundo".

"Para mim, receber o Prêmio Nobel da Paz significa pessoalmente estender minha preocupação pela democracia e pelos direitos humanos além das fronteiras nacionais. O Nobel da Paz abriu uma porta em meu coração", disse a líder em seu discurso, durante cerimônia transmitida pela televisão pública norueguesa NRK.

A viagem de Suu Kyi à Noruega foi possibilitada pelo processo de reformas políticas que busca transformar a autocracia birmanesa em uma democracia parlamentar, desde a dissolução da última junta militar, que transferiu o poder a um governo civil em 2011.

Suu Kyi disse que, desde sua independência em 1948, Mianmar não conheceu um período de paz devido à incapacidade de estabelecer a confiança e a compreensão necessárias para eliminar as causas do conflito.

A ativista afirmou que ainda hoje o país sofre com hostilidades. Ela denunciou que, pouco antes de sua viagem à Noruega, o oeste de Mianmar registrou várias mortes em confrontos. Mas, apesar da violência, Suu Kyi se disse esperançosa em relação ao futuro.

"Nos últimos meses, as negociações entre o governo e os grupos étnicos fizeram progressos. Esperamos que os acordos de cessar-fogo levem a pactos políticos baseados nas aspirações do povo e no espírito de união", ressaltou.

A líder opositora birmanesa lembrou que tanto ela como seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND), estão preparados para desempenhar "qualquer papel" no processo de reconciliação nacional.

Em sua opinião, as reformas impulsionadas pelo novo governo só se podem sustentar "com a cooperação inteligente de todas as forças internas" e serão efetivas à medida que melhorem a vida do povo birmanês, o que, segundo ela, incumbe a comunidade internacional de "um papel crucial".

EFE   
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