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Estados Unidos

Fidel sabia que Kennedy seria baleado, diz ex-agente da CIA

31 mai 2012 - 21h09
(atualizado às 22h09)
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O ex-líder cubano Fidel Castro sabia que o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, seria baleado em Dallas (Texas) em 22 de novembro de 1963, segundo Brian Latell, um antigo analista da CIA, especialista em Cuba, em seu livro "Castro's Secrets. The CIA and Cuba's Intelligence Machine".

Em 1963, aos 46 anos, John Fitzgerald Kennedy foi atingido por um tiro enquanto circulava no automóvel presidencial ao lado da mulher em Dallas, no Texas
Em 1963, aos 46 anos, John Fitzgerald Kennedy foi atingido por um tiro enquanto circulava no automóvel presidencial ao lado da mulher em Dallas, no Texas
Foto: AP

"Durante mais de 49 anos Fidel Castro mentiu sobre o que sabia do assassinado do presidente Kennedy", afirmou nesta quinta-feira Latell durante a apresentação de seu livro no centro conservador Heritage Foundation, em Washington.

Já aposentado, Latell, antigo chefe do Escritório Nacional de Inteligência para a América Latina da CIA entre 1990-1994 que seguiu Castro desde os anos 60, garantiu que Fidel sabia que ocorreria um tiroteio no Texas.

Horas antes da ocorrência, o jovem agente cubano Florentino Aspillaga, encarregado de interceptar a partir da ilha as comunicações por rádio da estação da CIA em Miami e vigiar o movimento de navios americanos que pudessem realizar operações clandestinas contra Castro, recebeu uma ordem pouco usual.

"Parem todos os esforços contra a CIA e concentra todas as equipes, antenas e atenção no Texas", disse Latell a partir do relato do próprio Aspillaga, que desertou em 1987 e em 2007 aceitou ser entrevistado pelo ex-analista para contar sua história.

"Eles sabiam. Fidel sabia", disse Aspillaga a Latell. O cubano também falou que o regime tinha informação de Lee Harvey Oswald, que realizou o tiroteio.

Oswald, comunista simpatizante do regime cubano, visitou em setembro de 1963 Cuba com a intenção de lutar pelo "tio Fidel", como o chamava. Segundo o autor, não há evidência que o assassino colaborasse com os serviços de inteligência cubanos, mas as autoridades ocultaram o que sabiam de Oswald.

Na época de Kennedy, os dois presidentes eram inimigos e Castro pensou que Washington culparia Havana pelo assassinato e invadiria a ilha em represália pelo homicídio, segundo documentos da época. "Ele sabia que iam disparar contra Kennedy naquela manhã em Dallas, e que Lee Harvey Oswald ia realizar o tiroteio. Por isso mentiu, para salvar seu próprio pescoço", afirmou Latell.

O autor comparou as revelações de Aspillaga com entrevistas de mais de 60 agentes da CIA, do FBI e do Governo, a maioria aposentados, assim como cerca de 50 mil documentos disponíveis nos Arquivos Nacionais.

O ex-analista reconheceu que os Estados Unidos "subestimaram" os serviços secretos cubanos daquela época, que realizavam operações "muito sofisticadas", inclusive com diversos agentes duplos. Latell afirmou também que Fidel Castro era a cabeça dos serviços de espionagem, supervisionava determinadas operações e elegia pessoalmente os agentes para executá-las.

Ana Montes, detida nos EUA em 2001, que trabalhava para o Pentágono e condenada a 25 anos de prisão, e Walter Kendall Myers, ex-funcionário do Departamento de Estado, detido em 2009 junto com sua esposa, Gwendolyn, ambos septuagenários, são alguns exemplos. Eles admitiram ter espionado para Cuba durante 30 anos.

EFE   
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