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"Não há motivos para comemorar", diz ativista antimonarquia

2 jun 2012 - 09h09
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Cecília Bergamaschi
Direto de Londres

Embora o nível de popularidade da família real britânica esteja sendo apontado pela mídia britânica como o mais alto das últimas décadas, o grupo antimonarquia República está se preparando para promover uma grande manifestação durante as comemorações do Jubileu de Diamante da rainha Elizabeth II. Para Andrew Child, diretor do grupo, não há motivo para celebrar 60 anos de poder de alguém que não foi eleito.

Manifestantes protestam contra a monarquia durante visita da rainha Elizabeth II à Irlanda, no dia 17 de maio
Manifestantes protestam contra a monarquia durante visita da rainha Elizabeth II à Irlanda, no dia 17 de maio
Foto: Getty Images

Centenas de cartazes, além de banners gigantes, serão distribuídos na demonstração que coincide com a procissão de barcos que vai percorrer o rio Tâmisa em Londres no domingo dia 3 de junho. Os manifestantes irão reunir-se em Tower Bridge, próximo ao local onde a embarcação da rainha irá chegar.

Os organizadores do protesto preferem não estimar o número de participantes, mas acreditam que o apoio ao movimento só tende a crescer. Child cita o levantamento publicado em abril último pelo instituto de pesquisa ICM em conjunto com o jornal britânico The Guardian que indica que apenas 51% da população se diz interessada no Jubileu, enquanto 14% afirma estar muito interessada.

No entanto, o aumento das aparições públicas de Kate Middleton e o fato de a rainha estar percorrendo o Reino Unido para marcar seu 60º aniversário no trono contribuíram para aumentar a popularidade da monarquia. Nova pesquisa feita pelo Ipsos MORI divulgada este mês pelo jornal The Telegraph revela que 80% dos britânicos querem permanecer súditos da rainha, com 13% favoráveis à república - a menor proporção em 20 anos. Em 2005, o número de pessoas que apoiavam o direito de se eleger um chefe de Estado era quase o dobro do atual.

Sem motivos para comemorar
O aniversário de 60 anos de reinado de Elizabeth II não é motivo para celebrações, afirma Child. "Estamos protestando porque acreditamos ser completamente errado comemorar 60 anos de poder de alguém que não foi eleito" disse ele ao Terra.

No ano passado, República promoveu uma festa antimonarquia paralela ao casamento entre o príncipe William e Kate Middleton. A comemoração, organizada a cerca de 2 km de distância da Abadia de Westminster, onde as bodas foram celebradas, contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas.

A família real depende cada vez mais do casal William e Kate para manter seu carisma, diz Child. "Mas há um grande problema para eles: o príncipe Charles. O filho mais velho da rainha é o próximo na linha sucessória do trono mas não tem nada de popularidade."

"Democracia imperfeita"
Para Child, se grupos pró-república tivessem mais espaço na mídia o número de pessoas em favor ao regime aumentaria dramaticamente. Um sistema democrático daria poder ao povo, hoje privilégio de uma pequena elite, diz ele.

Para defender a democracia no exterior é fundamental que o Reino Unido dê exemplo em casa, afirma Child. Além disso, o fato de ser representado por uma elite compromete as ambições do cidadão britânico comum.

"A família real é o maior símbolo antiaspiração na Grã-Bretanha hoje. Nunca fomos tão desiguais como sociedade nesses 60 anos de reinado, portanto acreditamos que o nosso chefe de Estado deva ser alguém que pudesse refletir a experiência dos britânicos e dar voz a eles", diz ele.

O grupo República acredita que a monarquia não tenha futuro a longo prazo. Um indicativo é que 33 dos 49 países da Commonwealth (Comunidade Britânica) são república. "É muito difícil para o Reino Unido pregar em nome da democracia mundo afora quando tem uma democracia imperfeita", acrescenta Child.

Fonte: Especial para Terra
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