Rebeldes sírios dão 48 horas para regime aplicar plano de paz
30 mai2012 - 15h36
(atualizado às 16h44)
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O rebelde Exército Livre Sírio (ELS) deu nesta quarta-feira um ultimato de 48 horas ao regime de Damasco para realizar o cessar-fogo e ameaçaram que se não for cumprido, deixarão de respeitar os pontos estipulados no plano de paz do mediador internacional, Kofi Annan.
Em comunicado do Comando Misto do ELS no interior da Síria, os rebeldes exigiram que neste prazo, concluído na próxima sexta-feira às 12h hora locais (6h de Brasília), as forças leais ao presidente sírio, Bashar al Assad, cessem toda forma de violência.
Além disso, os rebeldes pediram a retirada do armamento pesado das cidades, o envio de ajuda humanitária, a libertação dos presos políticos e a entrada dos meios de comunicação no país, como estabelecido pelo plano de Annan.
"Não há nenhuma justificativa para continuar respeitando unilateralmente a trégua, já que Assad a sepultou com massacres", afirmou no comunicado o porta-voz do ELS no interior da Síria, o coronel Qasem Saadedin.
Saadedin cita como razões o recente massacre de Al Hula, no qual morreram mais de 100 pessoas, as violações do regime aos direitos humanos e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
"O regime é a única fonte de terrorismo e de violência, que por sua vez gera organizações terroristas. É nosso dever defender e proteger os civis", disse o coronel.
O ELS considerou que a defesa dos civis não contradiz a legislação internacional e afirmou que o grupo é "o pilar da mudança civil e democrático e o fiador da unidade e a segurança do Estado após queda do regime".
Na nota, os rebeldes também pediram o início de negociações "sérias e verdadeiras" com a mediação da ONU para a entrega do poder ao povo. Por último, afirmaram que nos próximos dias será anunciado um conjunto de resoluções que definirão as características da próxima etapa.
O ultimato ocorreu um dia depois de Annan pedir a Damasco medidas imediatas para frear a violência, em reunião com Assad no país.
Apesar dos compromissos assumidos pelas partes ao plano de paz de Annan e a presença no terreno dos agentes, a violência continua na Síria, causando a morte de mais de 10 mil pessoas desde o início do conflito, em março de 2011, segundo números da ONU.
Com um minuto de diferença, duas fortes explosões sacudiram às 8h locais (2h de Brasília) o sul da capital síria, Damasco, em horário de grande movimento, e deixaram mais de 50 mortos
Foto: AP
Em meio à destruição, Sírios tentam remover carro após o duplo atentado suicida atingir a zona de Qazzas, no sul de Damasco
Foto: AFP
No local dos atentados, os corpos destroçados se misturavam aos automóveis destruídos e aos escombros provocados pela forte explosão
Foto: AP
Forte explosão criou uma cratera de três metros de profundidade no solo e deixou vários edifícios praticamente destruídos
Foto: Reuters
Corpos abandonados no chão e pessoas atônitas se misturavam no cenário da tragédia
Foto: AFP
Em meio a estas cenas de desolação, um homem grita: "É essa a liberdade que vocês querem? Morreram alunos a caminho da escola e funcionários que iam ao trabalho", referindo-se ao protesto popular
Foto: AP
"Em nossa vida, nunca vimos isso!", exclama um sírio, que sobreviveu ao atentado mais devastador desde o início da revolta popular em seu país, há 14 meses
Foto: Reuters
Sem esperar as autoridades, civis carregam corpo carbonizado. Entre os carros ainda fumegantes, alguns buscavam seus familiares
Foto: AFP
A destruição levou os civis a acusarem rebeldes da oposição. "São os presentes de (Recep Tayip) Erdogan e de Hamad (Ben Khalifa al-Thani)", o primeiro-ministro turco e o emir do Qatar. "Assassinam as crianças, os idosos e os religiosos", disse um homem fotografado pela AFP
Foto: AFP
As explosões abriram uma cratera na rua
Foto: AFP
Algumas pessoas conseguiram encontrar pertences de vítimas em meio aos carros carbonizados
Foto: AFP
Em mais de 50 metros ao redor, as fachadas dos edifícios estão destruídas e as ruas destroçadas. Por todo lado, são vistos carros cuja carroceria derreteu, ônibus destruídos, árvores caídas à beira de uma estrada com crateras profundas provocadas pelas explosões
Foto: AFP
Corpos despedaçados em meio ao metal carbonizado e retorcido dos carros atingidos pela explosão, Damasco foi atingida pelo pior atentado desde o início da revolta popular do país
Foto: AFP
Imagem aberta mostra o cenário apocalíptico da área atingida pela explosão na zona de Qazzaz, no sul da capital